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Ano: 2023

Selo: Spells On The Telly

Gênero: Eletrônica, House

Para quem gosta de: Daft Punk e The Avalanches

Ouça: I'll Always Be There e Because Love

7.6
7.6

DJ Sabrina The Teenage DJ: “Destiny”

Ano: 2023

Selo: Spells On The Telly

Gênero: Eletrônica, House

Para quem gosta de: Daft Punk e The Avalanches

Ouça: I'll Always Be There e Because Love

/ Por: Cleber Facchi 19/01/2024

DJ Sabrina The Teenage DJ, como muitos dos projetos gestados dentro do bandcamp e alavancados por plataformas como Rate Your Music, pode ter começado como uma piada, porém, ganhou contornos mais sérios ao longo dos anos. Desde a estreia com Makin’ Magick (2017), a produtora inglesa que mantém sua identidade oculta, tem se aventurado na formação de um prolífico catálogo de composições que parecem prontas para as pistas. São registros exageradamente extensos que ultrapassam sem dificuldades mais de três horas de duração, porém, sustentam na formatação das batidas um convite totalmente irrecusável.

Mais recente lançamento da artista que costuma buscar inspiração nos sitcoms da década de 1990, Destiny (2023, Spells On The Telly) destaca a capacidade da produtora em transitar por entre estilos de forma tão absurda e imprevisível, quanto hipnótica e difícil de ser ignorada. São quase quatro horas em que a artista não apenas confessa algumas de suas principais referências criativas, como os franceses do Daft Punk e o coletivo australiano The Avalanches, mas ao mesmo tempo parece consolidar a própria identidade criativa.

Estruturalmente falando, Destiny se organiza em três conjuntos de composições bastante característicos. O primeiro deles, e talvez o mais evidente, diz respeito à construção de faixas que apontam diretamente para as pistas. São músicas como For Now and Forever e Invincible (Something to Hold on To) que posicionam as batidas em primeiro plano, porém, preservando a riqueza das vozes e bases que soam como um convite a dançar. É como uma extensão natural daquilo que a produtora já havia testado em outros registros de maior relevância, como Charmed (2020), um verdadeiro refúgio festivo durante a pandemia de Covid-19.

Já o segundo grupo de faixas, evidente logo na introdutória Honey, diz respeito ao lado referencial de DJ Sabrina. Em geral, são criações que se distanciam do intenso diálogo com as pistas de dança para destacar a relação da produtora com o pop, o rock, o funk e outros estilos em uma abordagem totalmente particular. Canções que parecem extraídas de alguma rádio dos anos 1970 ou 1980, como uma estranha e sempre nostálgica interpretação da artista sobre a música produzida no passado. Exemplo disso fica mais do que evidente no R&B reducionista de Figuring It Out ou no som empoeirado que invade I Know It’s Stupid.

Por sua vez, o terceiro e mais raro agrupamento de canções em Destiny se relaciona diretamente com os momentos de maior vulnerabilidade emocional da obra. Décima faixa do disco, Because Love talvez seja a composição que melhor representa esse direcionamento adotado pela produtora. Do uso calculado das batidas, passando pelo caráter atmosférico dos sintetizadores e vozes, tudo se projeta de forma bastante sensível, por vezes melancólica, como uma fuga da euforia que abastece parte expressiva do material.

Partindo dessa combinação de elementos, DJ Sabrina garante ao público uma obra extensa e talvez difícil de ser absorvida logo em uma primeira audição, mas que oferece diferentes estímulos e boas composições que favorecem o regresso do ouvinte durante toda a execução do material. A exemplo de outros registros produzidos pela artista, conceitualmente ilustrados por curiosas imagens de capa em 64 bits, há sempre um novo elemento de descoberta. Canções que simplesmente pareciam não estar ali, mas que ganham maior destaque ao serem apreciadas individualmente dentro do vasto repertório entregue pela produtora.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.