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Crítica

Don L

: "Caro Vapor / Vida e Veneno de Don L Don L"

Ano: 2020

Selo: Independente

Gênero: Hip-Hop, Rap, R&B

Para quem gosta de: Diomedes Chinaski e Nill

Ouça: Morra Bem, Viva Rápido e Beira da Piscina

9.0
9.0

Don L: “Caro Vapor / Vida e Veneno de Don L”

Ano: 2020

Selo: Independente

Gênero: Hip-Hop, Rap, R&B

Para quem gosta de: Diomedes Chinaski e Nill

Ouça: Morra Bem, Viva Rápido e Beira da Piscina

/ Por: Cleber Facchi 09/03/2020

Você não precisa ir além da introdutória Morra Bem, Viva Rápido para entender a força do trabalho de Don L em Caro Vapor / Vida e Veneno de Don L (2013). Em um intervalo de poucos minutos, o rapper cearense vai da efemeridade da vida (“Pronto pra morrer, eu tava na ativa / Eu sei, deveria dar valor à vida“) ao uso de versos existencialistas (“Nóis tudo vive pra morrer, mas luta pela vida“) e pequenos conflitos particulares (“E eu procuro idéias que expulsem meus demônios“) de forma sempre sensível. Instantes consumidos pela dor (“É esse mundo tem cores tão vivas / Por que teus sonhos são todos tom cinza?“), mas que acabam servindo de contraponto aos momentos de maior celebração da faixa (“Faço meu negócio virar / Os dólar espera a mim, primo, e eu não posso esperar“). Um minucioso jogo de rimas, sobreposições melódicas e inquietações que apontam a direção seguida pelo artista de Fortaleza durante toda a execução do trabalho.

Uma vez imerso nesse cenário, Don L entrega ao público uma obra marcada pela completa versatilidade dos elementos. São pouco mais de 60 minutos em que o ouvinte é convidado a se perder em um ambiente marcado pelos excessos (Sangue é champanhe), declarações de amor (Me Faz Acreditar), momentos de evidente celebração (Rolê dos Lokos) ou mesmo instantes de forte melancolia (Depois das Três). Um delicado conjunto de ideias que não apenas preserva, como sutilmente amplia tudo aquilo que o cearense havia testado nos antigos trabalhos como integrante do Costa a Costa. Canções que partem de experiências pessoais e conflitos vividos pelo próprio artista, mas que a todo momento se abre para a chegada de colaboradores como Flora Matos, Terra Preta, Izabel Shamylla, Nego Gallo e Rael.



Este texto faz parte da nossa lista comOs 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década.Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.