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Crítica

Hand Habits

: "Blue Reminder"

Ano: 2025

Selo: Fat Possum

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Perfume Genius e Cass McCombs

Ouça: Bluebird of Happiness e Wheel of Change

8.0
8.0

Hand Habits: “Blue Reminder”

Ano: 2025

Selo: Fat Possum

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Perfume Genius e Cass McCombs

Ouça: Bluebird of Happiness e Wheel of Change

/ Por: Cleber Facchi 28/10/2025

Em um lento processo de transformação, que inclui a própria transição de gênero, Meg Duffy foi de um som puramente contido para um repertório cada vez mais encorpado. E se essa mudança já havia ficado muito explícita entre o lançamento de Placeholder (2019) e Fun House (2021), com a produção de Blue Reminder (2025, Fat Possum), Duffy amplia ainda mais os horizontes de possibilidades que definem o Hand Habits.

Inaugurado pela densa More Today, o trabalho produzido por Duffy em colaboração com Joseph Lorge diz a que veio logo nos primeiros segundos. São pouco mais de cinco minutos em que guitarras carregadas de efeitos, ambientações etéreas e vozes cuidadosamente posicionadas escancaram o refinamento técnico do artista, que já trabalhou ao lado de nomes importantes como Perfume Genius, Weyes Blood e Kevin Morby.

Dado esse primeiro passo dentro do disco, cada nova faixa parece pensada para arrebatar o ouvinte logo nos primeiros minutos. Em Wheel Of Change, são os versos confessionais que escancaram a fragilidade de Duffy. Já em Jasmine Blossoms, arranjos cuidadosamente trabalhados em estúdio se entrelaçam em meio a versos marcados pela letra sombria, resultando em uma contrastante combinação de temas e sentimentos.

Embora utilize de uma abordagem grandiosa quando pensamos nos primeiros registros autorais de Hand Habits, Blue Reminder em nenhum momento limita a entrega de faixas reducionistas e íntimas dos antigos trabalhos de Duffy. É o caso de Dead Rat, com suas bases acústicas, que destacam o que há de mais sensível na obra. A própria faixa-título, com ares de música perdida de Elliott Smith, é outra que seduz pela leveza.

Entretanto, é quando se entrega aos momentos de maior experimentação que Duffy apresenta ao público algumas das melhores composições do trabalho. É o caso da hipnótica Bluebird Of Happiness, com suas guitarras timbrísticas que ampliam aquilo que o músico havia testado no EP Sugar The Bruise (2023). A própria Way It Goes, com tempos pouco usuais e costuras eletrônicas, reforça esse aspecto exploratório.

Nesse sentido, Blue Reminder soa mais como uma releitura polida daquilo que Duffy vinha testando nos antigos trabalhos do que necessariamente um ponto de ruptura criativo na carreira do Hand Habits. É como se o artista resgatasse tudo aquilo que foi incorporado em mais de uma década de carreira, porém, utilizando de um direcionamento ainda mais complexo, confessional e, consequentemente, deslumbrante.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.