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Crítica

Justice

: "Hyperdrama"

Ano: 2024

Selo: Ed Banger / Because Music

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: Daft Punk e The Chemical Brothers

Ouça: One Night/All Night, Afterimage e Incognito

7.0
7.0

Justice: “Hyperdrama”

Ano: 2024

Selo: Ed Banger / Because Music

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: Daft Punk e The Chemical Brothers

Ouça: One Night/All Night, Afterimage e Incognito

/ Por: Cleber Facchi 08/05/2024

Hyperdrama (2024, Ed Banger / Because Music) talvez seja o disco que mais se aproxima daquilo que o Justice havia testado no introdutório Cross (2007). Quarto e mais recente trabalho de estúdio da dupla formada por Gaspard Augé e Xavier de Rosnay, o sucessor de Woman (2016), vai de encontro ao som produzido na década de 1970, com suas linhas de baixo suculentas e teclados que emulam arranjos de cordas, porém, substituindo o acabamento ruidoso do primeiro disco por um material altamente polido.

Pronto para as pistas, como tudo aquilo que a dupla francesa tem explorado desde o começo dos anos 2000, Hyperdrama é tanto um registro colaborativo como um espaço aberto aos experimentos de Augé e Rosnay. Quando em parceria com outros artistas, os produtores deixam que os convidados brilhem. Em Saturnine, por exemplo, Miguel surge tão à vontade que parece estar em casa, mergulhando em um R&B com ares de anos 1980, proposta que instantaneamente evoca Prince e outros nomes de peso do gênero.

E ele não é o único. Escalado para a música de encerramento do trabalho, The End, Thundercat segue a trilha apontada pela dupla francesa, porém, deixa sua característica marca vocal. O mesmo acontece em Afterimage, composição que aponta para os primeiros registros do Justice e ainda cresce nas vozes da cantora eritreia Rimon, soando como uma sirene. Mesmo quando desacelera, como em Explorer, parceria com Connan Mockasin, evidente é o esforço dos dois produtores em extrair o melhor de cada convidado.

Nada que se compare ao criativo encontro Kevin Parker. Ainda que muitos dos elementos incorporados pelo artista ao longo da obra utilizem de uma abordagem quase formulaica, como uma sobra das últimas criações com o Tame Impala e Dua Lipa, tudo é tratado de forma tão caprichada que é difícil não se deixar conduzir pelo material. Do momento em que tem início, na atmosférica Neverender, passando pelo som delicioso de One Night/All Night, evidente é o entrosamento entre a dupla francesa e o músico australiano.

Entretanto, são os momentos em que os dois produtores atuam de maneira solitária que o Justice revela ao público algumas de suas melhores criações. É o caso de Dear Alan, uma composição talvez contida para que busca pelas batidas eufóricas da era Cross, porém, totalmente hipnótica. É como um preparativo para o que se revela de forma ainda mais interessante na posterior Incognito, essa sim, potente e grandiosa, como um aceno para o primeiro disco da dupla, ainda que utilizando do polimento explícito no restante da obra.

Toda essa combinação de elementos faz de Hyperdrama o melhor trabalho produzido pelo Justice desde Cross. Ainda que o registro perca o fôlego em parte expressiva do segundo bloco de canções, vide músicas como as teatrais Moonlight Rendez-Vous e Muscle Memory, prevalece o esmero e esforço dos dois artistas em gratificar o ouvinte com uma sequência de boas composições. Do som inebriante de One Night/All Night à potência de faixas como Generator, há tempos a dupla francesa não demonstrava tamanha força criativa.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.