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Ano: 2025

Selo: Independente

Gênero: Pop, Eletrônica, Punk

Para quem gosta de: Linn da Quebrada e Cyberkills

Ouça: Salto, Santo e Mini Set Das Visitantes

7.7
7.7

Katy Da Voz e As Abusadas: “A Visita”

Ano: 2025

Selo: Independente

Gênero: Pop, Eletrônica, Punk

Para quem gosta de: Linn da Quebrada e Cyberkills

Ouça: Salto, Santo e Mini Set Das Visitantes

/ Por: Cleber Facchi 07/11/2025

Caótico, punk e deliciosamente subversivo, A Visita (2025) faz o que parecia impossível: transportar para dentro de estúdio a mesma energia turbulenta percebida nas apresentações ao vivo de Katy Da Voz e As Abusadas. Exemplo disso fica bastante evidente logo na introdutória Santo, herdeira espiritual de Pajubá (2017), a faixa que combina devoção e resistência não apenas invoca a própria Linn da Quebrada e Malka, como abre caminho, oferece proteção e prepara o terreno para o restante do material entregue pelo trio.

Dado esse primeiro passo dentro do trabalho, Navalha, vinda em sequência, arremessa o ouvinte para as pistas em uma colaboração com Carlos do Complexo que referencia de Perlla a Sítio do Pica-Pau Amarelo. É como um preparativo para o que se revela de maneira ainda mais interessante na divertida Mini set das Visitantes, parceria com Fuso! e FKNOFF1963 que resgata diferentes canções do grupo em novo formato.

Minutos à frente, Na Força do Ódio reforça a relação do trio com as pistas. São pouco mais de dois minutos em que Katy da Voz, Palladino Proibida e Degoncé Rabetão se entregam às batidas do CyberKills em uma clara extensão do repertório entregue em Dedo No Cue (2025). Menos urgente, Sufocanty, com produção assinada por PZZS, evidencia o bom humor e os já característicos jogos de palavras do grupo paulistano.

Pena que esse mesmo capricho não se aplique à faixa seguinte, Calúnia, música de narrativa e produção inferior ao restante do material. Nada que a barulhenta Salto não dê conta de solucionar. Produzida por Spxxkxr e completa pela participação de MC Taya, a música não apenas traz o disco de volta aos eixos, como ainda destaca o experimentalismo punk, os ruídos e a lírica violenta que parte pra cima do ouvinte.

Esse mesmo direcionamento acaba se refletindo na música seguinte, QRCUDE, canção que evoca o funk bruxaria de nomes como D.Silvestre e DJ K, porém, preservando o bom humor característico do trio e a produção deliciosamente dançante de FKNOFF1963. Um insano cruzamento de informações que ainda abre passagem para a caótica Famosa, faixa que cresce nas ambientações sujas e batidas de DJ Dayeh.

Passado esse exercício de plena turbulência, Disco Inferno não apenas pontua o trabalho com elegância, como destaca a completa versatilidade do trio em estúdio. Mais uma vez acompanhadas de FKNOFF1963, as bonecas desaceleram para investir em uma canção que aponta para a house dos anos 1990. Um respiro leve, mas que em nenhum momento oculta a poesia provocativa do grupo paulistano, sempre orientado pela ironia, a raiva e o prazer em um manifesto natural sobre a necessidade de existir e resistir dançando.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.