Ano: 2025
Selo: Warp
Gênero: R&B
Para quem gosta de: Solange e FKA Twigs
Ouça: Waitin', Better e All The Way Down
Ano: 2025
Selo: Warp
Gênero: R&B
Para quem gosta de: Solange e FKA Twigs
Ouça: Waitin', Better e All The Way Down
O próximo movimento de Kelela será sempre o mais interessante. Depois de atravessar a última década se aventurando entre a música eletrônica, o pop e o R&B, a cantora e compositora norte-americana entrega ao público um de seus registros mais ousados. Em In The Blue Light (2025, Warp), a artista deixa o conforto do estúdio para mergulhar em um repertório acústico e ao vivo no lendário clube Blue Note, em Nova Iorque.
Acompanhada pelos músicos Daniel Abed (baixo), Briley Harris (pianos, teclados), Ahya Simone (harpa) e Buz Donald (bateria), além das vozes de Alayna Rodgers e Xenia Manasseh, Kelela garante ao público uma seleção de canções que vai desde a primeira mixtape, Cut 4 Me (2013), ao repertório apresentado no ainda recente Raven (2023). E o melhor de tudo: a artista não tem medo de brincar com as próprias composições.
Exemplo disso é o que acontece com All The Way Down. Originalmente marcada pelo cruzamento entre as batidas e a voz de Kelela, a canção surge agora reformulada, destacando ainda mais as harmonias de vozes e linha de baixo que preenche todo o ambiente. É como se cada mínimo componente surgisse no momento exato, conceito reforçado no brilhantismo de Waitin’, com seus elementos percussivos, e na força de Better.
Claro que, por se tratar de um registro ao vivo, In The Blue Light acaba enfrentando alguns problemas. Em Take Me Apart, por exemplo, a ânsia do público em aplaudir e interagir com a cantora acaba manchando os momentos finais da canção, quando a voz diminui e se projeta de forma atmosférica. O mesmo acontece em Cherry Coffee, quando a necessidade da plateia em romper com o silêncio atravessa o meio da canção.
Apesar dessas pequenas distrações, o domínio de Kelela em relação ao próprio repertório é tão fascinante que é difícil não se deixar conduzir pela artista durante toda a execução da obra. Mesmo as narrativas que ela constrói ao longo da performance, como a primeira visita ao Blue Note, a relação com o jazz e a citação ao pai, que estava em uma das mesas na plateia, torna essa experiência sensorial ainda mais aconchegante.
Uma vez imersa nesse espaço de acolhimento, Kelela ainda aproveita para passear pela obra de diferentes artistas. Da releitura de Furry Sings the Blues, de Joni Mitchell, às versões para 30 Years e Love Note, ambas de Betty Carter, sobram momentos em que a cantora amplia os próprios horizontes mesmo em um cenário de possibilidades restritas, evidenciando o comprometimento e entrega do início ao fim da apresentação.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.