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Crítica

Luedji Luna

: "Um Mar Pra Cada Um"

Ano: 2025

Selo: Independente

Gênero: Neo-Soul, Jazz

Para quem gosta de: Xênia França e Céu

Ouça: Dentro Ali, Harem e Karma

8.3
8.3

Luedji Luna: “Um Mar Pra Cada Um”

Ano: 2025

Selo: Independente

Gênero: Neo-Soul, Jazz

Para quem gosta de: Xênia França e Céu

Ouça: Dentro Ali, Harem e Karma

/ Por: Cleber Facchi 06/06/2025

A escolha de Luedji Luna em inaugurar Um Mar Pra Cada Um (2025, Independente) com uma composição instrumental e jazzística é essencial para entender aquilo que a cantora, compositora e produtora baiana busca desenvolver no mais recente trabalho de estúdio da carreira. Sem pressa, a musicista soteropolitana navega nos próprios sentimentos, revelando ao público uma obra que exige e gratifica na mesma medida.

Capítulo final das explorações sonoras e emocionais iniciadas pela artista em Bom Mesmo É Estar Debaixo D’água (2020) e ampliadas com a versão deluxe do material, Um Mar Pra Cada Um não é um trabalho de rápida absorção. Pelo contrário: é cauteloso, por vezes difícil de ser interpretado, mas sempre fascinante. São pinceladas instrumentais e poéticas que mais ocultam do que necessariamente parecem evidenciar.

Exemplo disso fica bem representado no encontro com a saxofonista e compositora inglesa Nubya Garcia, na releitura de Dentro Ali. Originalmente lançada como parte do introdutório Um Corpo no Mundo (2017), a composição reaparece agora em novo formato. São pouco mais de cinco minutos em que cada instrumento é trabalhado em uma medida própria de tempo, encaminhando o ouvinte para um fechamento grandioso.

Claro que isso não interfere na entrega de músicas mais imediatas. É o caso de Salty, deliciosa colaboração com o trompetista e arranjador japonês Takuya Kuroda que ainda se completa pelas vozes impecáveis de Tali. A própria parceria com Liniker, em Harem, mesmo avançando aos poucos, é outra que encanta pela beleza dos vocais. Surgem ainda preciosidades como Jóia, com samples de Pérola Negra, de Luiz Melodia.

Embora meticuloso e repleto de boas canções, Um Mar Pra Cada Um perde um elemento importante que marca o trabalho da artista baiana em Bom Mesmo É Estar Debaixo D’água: a força política. Com exceção de 4hz, que é praticamente uma vírgula dentro do disco, todo o restante da obra gira em torno de questões sentimentais, romances incertos e desilusões já abordadas pela própria cantora nos registros anteriores.

A questão é que, mesmo nessas pequenas repetições temáticas e estruturas testadas nos antigos registros, Luedji nunca diminui o nível de qualidade do trabalho. Do momento em que somos inundados pela força poética de Karma, com seus ecos de Djavan e Sade, passando por composições como Rota e Gamboa, tudo é elaborado com tamanha maestria que é difícil não querer se perder nesse imenso mar de sentimentos.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.