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Crítica

Lupe de Lupe

: "Quarup"

Ano: 2014

Selo: Independente

Gênero: Indie Rock, Dream Pop, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Jonathan Tadeu e Terno Rei

Ouça: Gaúcha e O Futuro É Feminino

9.0
9.0

Lupe de Lupe: “Quarup”

Ano: 2014

Selo: Independente

Gênero: Indie Rock, Dream Pop, Rock Alternativo

Para quem gosta de: Jonathan Tadeu e Terno Rei

Ouça: Gaúcha e O Futuro É Feminino

/ Por: Cleber Facchi 14/04/2020

Romances fracassados, questionamentos políticos e momentos de forte vulnerabilidade. Produto das ideias e experiências acumulados pelos integrantes da Lupe de Lupe, Quarup (2014) encontra na incerteza dos elementos e propositada ruptura criativa a base para um dos registros mais inquietantes da produção brasileira na última década. Livre de qualquer traço de polidez, como um documento vivo, o trabalho se espalha em um intervalo de quase duas horas de duração onde o ouvinte é confrontado pelas angústias de Vitor Brauer e seus parceiros de banda, na época, os músicos Cícero Nogueira, Gustavo Scholz e Renan Benini. São canções de essência ruidosa, sempre caóticas, estrutura que se completa pela interferência direta de nomes como Cadu Tenório, Jonathan Tadeu e diferentes representantes da cena mineira, parte expressiva deles relacionados ao coletivo/selo Geração Perdida de Minas Gerais.

Entretanto, para além de um exercício puramente caótico, sobrevive na força dos versos a base para um dos registros mais sensíveis e honestos do rock nacional em sua fase mais recentes. São músicas como a introdutória O Futuro É Feminino, com um retrato esperançoso de um Brasil pré-golpe (“Pois o futuro é feminino / Minha presidente é uma mulher / Meu coração é brasileiro“), o romantismo confessional de Gaúcha (“Depois que a gente se beijou aquela noite / Todo momento sozinho foi como açoite / Eu sei que isso é puramente sazonal / Na verdade a gente deve ficar junto igual“) ou mesmo a doce libertação pessoal que toma conta de Eu Já Venci (“Eu já venci / E eu continuo vencendo vocês todo dia enquanto eu respirar“). Canções que rapidamente fizeram do grupo mineiro um dos mais cultuados (e odiados) do período, abrindo passagem para uma frente de novos artistas e realizadores locais.

Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.