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Crítica

Mahmed

: "Sobre a Vida em Comunidade"

Ano: 2015

Selo: Balaclava Records

Gênero: Experimental, Pós-Rock, Instrumental

Para quem gosta de: Kalouv e ruído/mm

Ouça: Shuva, Ian Trip e Vale das Rosas

9.2
9.2

Mahmed: “Sobre a Vida em Comunidade”

Ano: 2015

Selo: Balaclava Records

Gênero: Experimental, Pós-Rock, Instrumental

Para quem gosta de: Kalouv e ruído/mm

Ouça: Shuva, Ian Trip e Vale das Rosas

/ Por: Cleber Facchi 24/02/2020

Sobre a Vida em Comunidade (2015) é um disco feito para que você se perca dentro dele. Inaugurado em meio a ambientações contidas de AaaaAAAaAaAaA, colaboração com a cantora JJ Nunes, o primeiro álbum de estúdio do grupo norte-rio-grandense Mahmed encanta pela capacidade da banda, na época formada por Walter Nazário (guitarra, sintetizadores), Dimetrius Ferreira (guitarra), Leandro Menezes (baixo) e Ian Medeiros (bateria), em transitar por entre gêneros de forma sempre sensível. São camadas atmosféricas, ruídos e vozes tratadas como instrumentos, proposta que vai da doce nostalgia, como em Vale das Rosas, composição montada a partir de trechos do audiolivro O Coelhinho Conta Histórias, de Virgínia Lane, ao mais completo delírio, estímulo para a versátil Ian Trip, com seus scratches e temas eletrônicos que lembram Portishead a Tortoise.

Com base nessa estrutura, cada uma das nove composições do disco se revelam ao público como um objeto precioso, único. São faixas como a versátil Shuva, com suas ambientações sintéticas, fugas e constantes quebras rítmicas; a detalhista Quando os Olhos Se Fecham, canção que parece destacar cada instrumento apresentado pela Mahmed, ou mesmo a derradeira Medo e Delírio, criação que mostra a força e completa entrega do quarteto dentro de estúdio. Instantes de parcial recolhimento e atos turbulentos, como um avanço claro em relação a tudo aquilo que a banda havia testado dois anos antes, durante o lançamento de Domínio das Águas e dos Céus EP (2013). Um delicado conjunto de ideias e experiências sensoriais, proposta que também viria a orientar o trabalho seguinte do grupo, o também minucioso Sinto Muito (2018).



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.