Image
Crítica

Ninajirachi

: "I Love My Computer"

Ano: 2025

Selo: NLV

Gênero: Eletrônica, Pop

Para quem gosta de: Grimes e SOPHIE

Ouça: iPod Touch e Fuck My Computer

8.2
8.2

Ninajirachi: “I Love My Computer”

Ano: 2025

Selo: NLV

Gênero: Eletrônica, Pop

Para quem gosta de: Grimes e SOPHIE

Ouça: iPod Touch e Fuck My Computer

/ Por: Cleber Facchi 12/09/2025

Se um bom disco é aquele que assimila inspirações e entrega ao público sua própria interpretação, então I Love My Computer (2025, NLV) faz isso com excelência. Estreia da cantora, compositora e produtora Nina Wilson como Ninajirachi, o trabalho não apenas confessa algumas das principais referências criativas da artista australiana, como serve de passagem para um mundo próprio, colorido e deliciosamente frenético.

A própria imagem de capa do trabalho, com Wilson deitada em um quarto abarrotado de objetos pessoais, pôsteres e computadores, sintetiza de maneira eficiente tudo aquilo que a produtora busca desenvolver ao longo da obra. São canções que vão do pop fragmentado de SOPHIE às manipulações vocais de Grimes, da produção apoteótica de Skrillex ao som anfetaminado de Charli XCX de forma sempre particular e intensa.

É como se a produtora fosse capaz de acessar diferentes interpretações sobre o pop e, consequentemente, desbloquear memórias e sensações no ouvinte, porém, preservando uma linguagem puramente autoral. Mesmo a relação com a música trance, presente de forma bastante destacada durante toda a execução de I Love My Computer, funciona como uma boa representação dessa fluidez estilística adotada por Wilson.

Entretanto, para além de todas essas combinações de estilos e referências confessas, o grande charme do trabalho está na forma como Wilson apresenta ao público um repertório altamente pegajoso. Da melodia cantarolável de All I Am, composição que evoca a EDM dos anos 2010, passando pelo hyperpop de Delete, música que faz lembrar artistas como Hannah Diamond, impossível não ceder aos encantos de Ninajirachi.

Exemplo disso fica ainda mais evidente na sequência formada por iPod Touch e Fuck My Computer, logo na abertura do trabalho. São pouco mais de seis minutos em que a produtora traz de volta a atmosfera da eurodance nos anos 1990 e faz lembrar sucessos como Saturday Night e Better Off Alone, mas em nenhum momento rompe com o objeto temático do registro, sempre centrado nas relações entre amor e tecnologia.

Ainda que a segunda metade de I Love My Computer perca parte do impacto sentido na abertura do disco, Wilson mantém firme a fluidez e entrega de boas composições até os momentos finais do registro. Precioso exercício criativo, o álbum não apenas cumpre com a função de apresentar Ninajirachi, como garante ao público um material que sobrevive para além do revivalismo e do prazer nostálgico estimulado pela artista.

Ouça também:


Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.