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Crítica

Purelink

: "Signs"

Ano: 2023

Selo: Peak Oil

Gênero: Música Ambiente, Dub

Para quem gosta de: Oval, Gas e Pole

Ouça: 4K Murmurs e Stadium Drive

8.2
8.2

Purelink: “Signs”

Ano: 2023

Selo: Peak Oil

Gênero: Música Ambiente, Dub

Para quem gosta de: Oval, Gas e Pole

Ouça: 4K Murmurs e Stadium Drive

/ Por: Cleber Facchi 12/12/2023

Purelink é um trio de Chicago, Illinois, formado pelos produtores Tommy Paslaski, Ben Paulson e Akeem Asani. Desde 2020, quando o projeto ganhou vida, o grupo tem se encontrado com relativa frequência, buscando contribuir criativamente e alcançar um resultado diferente daquilo que cada membro poderia desenvolver de forma solitária. Desse contato, vieram registros como o ainda recente Puredub (2022), apresentado no último ano, além de uma série de outros lançamentos menores. Pequenos ensaios para o que se materializa de forma ainda mais interessante e detalhista no atmosférico Signs (2023, Peak Oil).

Segundo e mais recente trabalho de estúdio do trio, o registro de seis faixas parece ter alcançado um ponto de equilíbrio entre o minimalismo da música ambiente, as texturas do dub e as batidas do techno em sua forma mais reducionista. Instantes em que o grupo combina a essência de veteranos como Oval, Pole, Jan Jelinek e Gas, porém, preservando a própria identidade criativa. Música de abertura do disco, In Circuits funciona como uma boa representação desse resultado. Pouco mais de cinco minutos em que bases sutis, ruídos e pequenas sobreposições sintéticas são incorporadas de forma a envolver e ambientar o ouvinte.

Entretanto, é com a chegada da composição seguinte, a labiríntica 4K Murmurs, que o trabalho se revela por completo. Em um intervalo de mais de sete minutos de duração, Paslaski, Paulson e Asani deixam de lado o reducionismo meditativo do restante do registro para investir em uma criação de base jazzística, como versão enevoada do som produzido pelos conterrâneos do Tortoise no final da década de 1990. Do uso calculado das batidas, passando pelo acréscimo dos sintetizadores e costuras eletrônicas que surgem nos momentos finais, cada mínimo fragmento destaca o sempre meticuloso processo de montagem do trio.

Esse mesmo esmero no processo de criação, porém, partindo de uma abordagem puramente sintética, acaba se refletindo na sequência formada por Stadium Drive e Pinned. Enquanto a primeira, um pouco mais curta, destaca a relação do trio com a produção eletrônica, reforçando a potência das batidas, com a música seguinte, o grupo mais uma vez passa a investir em um material contemplativo. São ambientações que parecem emular o som de uma corredeira, porém, utilizando de uma base eletrônica que assume diferentes formações a cada novo movimento. Um jogo de pequenos acréscimos, curvas e sobreposições.

Claro que nem todas as canções partilham dessa mesma fluidez. Quinta faixa do disco, Untitled funciona como uma boa representação do experimentalismo colaborativo que orienta as criações do grupo desde os primeiros registros. Diferente do restante da obra, em que as batidas, mesmo reducionistas, surgem como um precioso componente rítmico, a composição de sete minutos parece gerada a partir da ruidosa costura de elementos. É como uma ambientação amorfa. Ideias em formação, mas que nunca alcançam um ponto de estabilidade, como um ensaio para o que se revela de forma mais interessante no restante do álbum.

Exemplo disso fica bastante evidente com a chegada de We Should Keep Going. Faixa de encerramento do disco, a canção de seis minutos não apenas soa como uma natural extensão de tudo aquilo que o trio busca desenvolver na porção inicial do trabalho, como ainda leva o registro para outras direções. O próprio uso fragmentado das vozes e ruídos metálicos funciona como uma boa representação desse resultado. São momentos de maior instabilidade e criativa corrupção dos elementos, mas que em nenhum instante rompe com a atmosfera enevoada que delicadamente orienta a experiência do ouvinte desde os minutos iniciais.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.