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Crítica

Queens Of The Stone Age

: "In Times New Roman…"

Ano: 2023

Selo: Matador

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Jack White e Foo Fighters

Ouça: Emotion Sickness e Carnavoyeur

7.4
7.4

Queens of the Stone Age: “In Times New Roman…”

Ano: 2023

Selo: Matador

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Jack White e Foo Fighters

Ouça: Emotion Sickness e Carnavoyeur

/ Por: Cleber Facchi 28/06/2023

Depois de investir em uma sonoridade dançante durante o desenvolvimento de Villains (2017), obra em que contou com a produção de Mark Ronson (Amy Winehouse, Bruno Mars), Josh Homme regressa com um trabalho que concentra o que há de mais característico no som do Queens Of The Stone Age. Com o título de In Times New Roman… (2023, Matador), o oitavo álbum de estúdio do grupo estadunidense mais uma vez posiciona as guitarras em primeiro plano, traz de volta a atmosfera densa explorada em Era Vulgaris (2007) e se distancia de possíveis excessos em favor de um repertório que vai direto ao ponto.

Escolhida como música de abertura do trabalho, Obscenery estabelece parte dos elementos que serão explorados por Homme e seus parceiros de banda, Troy Van Leeuwen, Michael Shuman, Dean Fertita e Jon Theodore. Enquanto os versos alternam entre a inconsequência e sobriedade, como um reflexo das ações cometidas pelo músico nos últimos anos, como o chute no rosto de uma fotógrafa durante a turnê do disco anterior, guitarras carregadas de efeitos surgem e desaparecem durante a execução da faixa, estrutura que se completa pelo uso teatral do arranjo de cordas e ruídos que ocupam possíveis brechas da composição.

Com todos esses elementos apresentados logo nos minutos iniciais do registro, Homme abre passagem para o restante da obra. Enquanto a já conhecida Paper Machete concede urgência ao trabalho e evidencia a potência das guitarras que partilham da mesma sonoridade timbrística incorporada às composições de Jack White, Negative Space desacelera sem necessariamente diminuir a robustez do material. Do uso destacado da linha de baixo, passando pela força das batidas e vozes dobras, tudo soa como um aceno para os primeiros discos da banda, conceito reforçado no rock robótico que toma conta de Time & Place.

Embora ausente de grandes transformações e intimamente conectado aos antigos trabalhos da banda, In Times New Roman… supre a falta de novidade pelo incontestável domínio criativo e força do quinteto durante toda a execução do material. Exemplo disso fica bastante evidente em Made to Parade, música que partilha da psicodelia explícita em …Like Clockwork (2013), em nada acrescenta ao vasto catálogo do grupo, mas em nenhum momento deixa de capturar a atenção do ouvinte. E isso fica ainda mais explícito com a chegada de Carnavoyeur, faixa que combina a voz soturna de Homme com uma soma de ruídos, sintetizadores e guitarras sempre invasivas, porém, estranhamente enquadradas em uma arquitetura pop.

Entretanto, não se pode afirmar que todas as composições partilham o mesmo comprometimento da banda. Em What the Peephole Say, por exemplo, salve algumas rajadas de guitarras ocasionais, difícil não pensar na canção como uma sobra simplista do material entregue nos primeiros discos da banda. A própria Sicily, vinda logo em sequência, custa a engrenar, eliminando as texturas e camadas de guitarras presentes no restante da obra, feito reforçado com a chegada da posterior Emotion Sickness, música escolhida para anunciar a chegada do trabalho e uma boa representação do comprometimento de Homme.

Espalhada em um intervalo de mais de nove minutos de duração, Straight Jacket Fitting encerra o disco em uma abordagem que tanto reforça a intensidade e riqueza de detalhes adotada pelo grupo em In Times New Roman…, como continua a encontrar no passado da banda um importante componente de estímulo. Difícil não pensar na canção como um espelho da também extensa I Think I Lost My Headache, música de fechamento em Rated R (2000). Um misto de resgate e sutil busca por novas possibilidades, como uma síntese conceitual de tudo aquilo que o QOTSA tem explorado em mais de duas décadas de carreira.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.