Ano: 2024
Selo: Island
Gênero: Pop
Para quem gosta de: Taylor Swift e Olivia Rodrigo
Ouça: Please Please Please e Bed Chem
Ano: 2024
Selo: Island
Gênero: Pop
Para quem gosta de: Taylor Swift e Olivia Rodrigo
Ouça: Please Please Please e Bed Chem
Sabrina Carpenter não poderia ter pensado em um nome melhor para o sexto e mais recente trabalho de estúdio da carreira, Short n’ Sweet (2024, Island). Alavancado por conta do sucesso de Espresso e Please Please Please, o registro de doze faixas é exatamente aquilo que a cantora aponta logo no título do álbum: uma obra curta e repleta de adocicadas canções de amor. É como um acúmulo natural de tudo aquilo que a artista tem explorado em mais de dez anos de carreira, porém partindo de um fino toque de renovação.
Parte desse resultado vem do olhar curioso da artista e seus parceiros de produção, como John Ryan, Ian Kirkpatrick e Jack Antonoff, para o pop dos anos 1970 e 1980. São canções que mantêm um pé no presente e outro na ritmada combinação entre o funk e a música disco. O resultado desse processo está na entrega de uma obra que vai direto ao ponto, livre de possíveis excessos. É como se Carpenter fosse capaz de fazer em meia hora aquilo que Taylor Swift precisou nos mais de 60 minutos do exaustivo The Tortured Poets Department (2024): um despretensioso registro sobre seus romances, tormentos e histórias de (des)amor.
“Toda vez que você fecha os olhos / E sente os lábios dele, você está sentindo os meus”, provoca em Taste, composição que não apenas inaugura o trabalho em grande estilo, como estabelece parte das temáticas e estruturas exploradas pela artista e seus colaboradores ao longo do material. São canções essencialmente curtas, resolvidas em um intervalo de dois a três minutos de duração, mas que estabelecem na construção dos versos e profunda honestidade adotada no discurso de Carpenter um diálogo imediato com o ouvinte.
Não se trata de algo profundamente inovador ou disruptivo, afinal, Carpenter nunca propôs algo próximo disso. Trata-se apenas de uma obra muito bem executada. Exemplo disso fica bastante evidente em Bed Chem, um pop salpicado com pitadas de R&B e guitarras provocantes que se conectam diretamente aos versos. “Como você fala tão docemente quando está fazendo coisas ruins / Essa é a química da cama“, canta enquanto rompe com a imagem de garota comportada e delicadamente amplia os horizontes do trabalho.
Esse mesmo direcionamento, porém, partindo de uma abordagem diferente, acaba se refletindo em Good Graces, música que destaca a construção das batidas, partilha do mesmo R&B eletrônico de nomes como Erika de Casier e ainda estabelece nos versos o domínio de Carpenter. “Não confunda minha gentileza com ingenuidade“, canta. É como se a cantora, pela primeira vez em mais de dez anos de carreira, soubesse exatamente o que fazer, evidenciando uma firmeza poucas vezes antes percebida em suas composições.
Não por acaso, quanto mais se distancia desse resultado, como no folk molenga de Dumb & Poetic, ou no reducionismo excessivo que se apodera de Lie To Girls, Carpenter diminui drasticamente a sensação de impacto envolvendo o trabalho. São momentos de maior instabilidade, mas que logo dão lugar a boas canções, efeito direto do esforço da artista em atuar na produção de um repertório que embora enxuto, captura a atenção do ouvinte e deixa sua marca mesmo em um ano repleto de grandes lançamentos.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.