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Crítica

SASAMI

: "Squeeze"

Ano: 2022

Selo: Domino

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Hana Vu e Snail Mail

Ouça: Say It e The Greatest

7.6
7.6

SASAMI: “Squeeze”

Ano: 2022

Selo: Domino

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Hana Vu e Snail Mail

Ouça: Say It e The Greatest

/ Por: Cleber Facchi 07/03/2022

Com o lançamento do autointitulado registro de estreia, SASAMI, que havia atuado em parceria com nomes importantes como Wild Nothing e Cherry Glazers, não apenas foi apresentada a uma parcela ainda maior do público, como passou a colaborar com outros artistas da cena norte-americana. E isso fica bem representado no recente encontro com Anjimile, em Reunion (2021), e Hand Habits, com quem trabalhou anteriormente, mas que acabou estreitando a relação durante o processo de gravação do elogiado Fun House (2021), obra em que a cantora, compositora e multi-instrumentista assume o papel de produtora.

De um jeito ou de outro, todas essas andanças, diálogos e colaborações com diferentes parceiros acabam se refletindo no processo de composição do segundo e mais recente álbum a artista em carreira solo, Squeeze (2022, Domino). Urgente quando próximo do material entregue há três anos, o registro que conta com co-produção de Ty Segall mostra a capacidade da guitarrista estadunidense em transitar por entre estilos de forma versátil e intensa, direcionamento que embala com naturalidade a experiência do ouvinte até a música de encerramento do trabalho, a confessional e profundamente detalhista Not a Love Songs.

Entretanto, antes de surpreender com a derradeira composição marcada pelo refinamento dos arranjos, SASAMI captura a atenção do ouvinte com a turbulenta sequência de abertura do registro. Inaugurado pela potência de Skin A Rat, faixa que evoca nomes curiosos como Metallica e Faith No More, o trabalho revela ao público uma artista ainda mais urgente, mas não menos complexa. Exemplo disso fica bastante evidente em The Greatest, música que ganha forma em meio a blocos de distorção e versos sempre intimistas, e Say It, canção que partilha do mesmo diálogo com o nu metal proposto por Rina Sawayama.

Passada essa intensa frente de composições que inaugura o disco, SASAMI desacelera de forma a resgatar uma série de elementos originalmente testados no trabalho anterior. E isso fica bastante evidente em Call Me Home. Enquanto os versos refletem o que há de mais sensível nas criações da artista – “Eu quero que você saiba que você não está sozinho / Eu quero que você saiba que você sempre pode me ligar” –, camadas de guitarras e sintetizadores empoeirados ampliam o campo de atuação da obra. É como um ensaio para tudo aquilo que a cantora busca desenvolver em outras faixas, como Tried to Understand.

Claro que essa tentativa de SASAMI em transitar por entre estilos na segunda metade do trabalho não diminui a entrega de composições marcadas pela crueza dos elementos. São músicas como Make It Right, Sorry Entertainer e a própria faixa-título em que a artista preserva parte da aceleração explícita no disco anterior, porém, mergulhada em uma solução de guitarras altamente ruidosas. É como se a cantora fosse de encontro ao mesmo território criativo de Ty Segall, no ainda recente Harmonizer (2021), porém, partindo de uma abordagem conceitualmente acessível, efeito direto do permanente diálogo com a música pop.

Partindo dessa estrutura equilibrada, Squeeze preserva uma série de elementos que apresentaram o trabalho da artista, porém, aporta em novos territórios criativos e estabelece pequenas conexões que tornam tudo ainda mais interessante. Cercada de colaboradores, como Meg Duffy (Hand Habits), Kyle Thomas (King Tuff), Laetitia Tamko (Vagabon), No Home e Christian Lee Hutson, SASAMI garante ao público uma obra talvez livre de qualquer traço de inovação, porém, convincente e intensa, como um produto natural das relações, sentimentos e processos vividos pela musicista nos últimos anos.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.