Ano: 2024
Selo: Loma Vista
Gênero: Indie Rock
Para quem gosta de: Snail Mail e SASAMI
Ouça: Driver, Abigail e Lost
Ano: 2024
Selo: Loma Vista
Gênero: Indie Rock
Para quem gosta de: Snail Mail e SASAMI
Ouça: Driver, Abigail e Lost
Soccer Mommy há muito deixou de ser uma aposta para se transformar em uma certeza dentro da cena norte-americana. E isso fica bastante evidente em toda a sequência de trabalhos apresentados pela artista no decorrer da última década. Depois de ser oficialmente apresentada com o lançamento de Clean (2018), a cantora e compositora estadunidense não economizou na série de registros posteriores, fazendo de Color Theory (2020) e Sometimes, Forever (2022) materiais ainda mais relevantes e íntimos de qualquer ouvinte.
Quarto e mais recente trabalho de estúdio de Sophie Allison como Soccer Mommy, Evergreen (2024, Loma Vista) é mais um bom exemplo do domínio criativo e potência da artista. Ainda que o álbum pouco avance criativamente quando próximo dos registros que o antecedem, difícil não se deixar conduzir pelo delicado repertório que se sustenta a partir das experiências, romances e pequenas desilusões vividas pela cantora.
“Eu tenho o nome dela / Tenho o rosto dela e todas essas coisas / Mas eu não sei o que há nos sonhos dela / Está perdido para mim”, canta logo nos minutos iniciais do disco, em Lost, composição em que não apenas reflete sobre a morte precoce da própria mãe, como mergulha fundo nas inquietações que se escondem no fundo do peito. É como se Allison, sempre expositiva e honesta com o ouvinte, fosse capaz de ir ainda mais longe, fazendo de cada canção ao longo de Evergreen um delicado exercício de vulnerabilidade emocional.
Embora parta de uma abordagem melancólica, o trabalho em nenhum momento se deixa consumir pelas angústias de Allison. Há sempre um componente de ruptura, seja ele instrumental ou poético, que leva o registro para outras direções. “Eu serei a motorista de ponta a ponta / Eu iria a qualquer lugar com você”, canta em Driver, composição que destaca a fluidez dos elementos e esforço da artista em seguir em frente.
O mais fascinante talvez seja perceber a forma como Allison faz de elementos simples do próprio cotidiano o estímulo para músicas grandiosas. É o caso de Abigail, composição em que utiliza de uma personagem do jogo Stardew Valley para apresentar uma de suas mais belas canções de amor. A própria M, há muito revelada pela cantora, é outra que chama a atenção quando observada como parte do disco, destacando a completa riqueza dos versos que, mais uma vez, estreitam laços com o ouvinte sem qualquer dificuldade.
Dessa forma, mesmo que o trabalho seja incapaz de se destacar musicalmente quando próximo dos discos que o antecedem, prevalece na construção dos versos a força do repertório de Allison. A própria produção do experiente Ben H. Allen parece potencializar o uso das vozes, como um contraponto ao som ruidoso que orienta o registro anterior, produzido por Daniel Lopatin (Oneohtrix Point Never). Uma forma diferente de interpretar um mesmo universo criativo que há tempos tem sido explorado em estúdio por Soccer Mommy.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.