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Crítica

Supercordas

: "Terceira Terra"

Ano: 2015

Selo: Balaclava Records

Gênero: Rock, Rock Psicodélico, Experimental

Para quem gosta de: Boogarins e Cidadão Instigado

Ouça: Maria³, Itinerarium Extaticum e Terceira Terra

9.0
9.0

Supercordas: “Terceira Terra”

Ano: 2015

Selo: Balaclava Records

Gênero: Rock, Rock Psicodélico, Experimental

Para quem gosta de: Boogarins e Cidadão Instigado

Ouça: Maria³, Itinerarium Extaticum e Terceira Terra

/ Por: Cleber Facchi 22/04/2020

Lentamente, o cenário pantanoso e bucólico detalhado em Seres Verdes Ao Redor parece a desmoronar. No lugar de “samambaias, animais rastejantes e anfíbios marcianos”, como aponta o subtítulo do disco lançado em 2006, a passagem para um ambiente dominado por prédios enormes, grandes corporações e máquinas monstruosas, estímulo para o terceiro álbum de estúdio da banda fluminense Supercordas, o provocativo Terceira Terra (2015). De essência pós-apocalíptica, ainda que capaz de dialogar com o período turbulento em que foi gravado, o trabalho inaugurado pela política Fundação Roberto Marinho Blues & Co., uma crítica direta à Rede Globo, tinge com sobriedade e fino toque de crueza cada uma das canções que orienta a experiência do ouvinte até a autointitulada faixa de encerramento.

São canções marcadas por guitarras ensurdecedoras, como Itinerarium Extaticum In Temporalibus, texturas eletrônicas, caso Sobre o Amor e Pedras, ou mesmo faixas que pervertem o rock rural proposto pelo grupo nos primeiros registros autorais, marca de Maria³, canção completa pela presença de Benke Ferraz, integrante do Boogarins. Um turbulento processo de ruptura criativa que passa pelo lirismo contemplativo de Pedro Bonifrate e segue em cada fragmento instrumental, sempre incerto, que serve de sustento ao disco. São canções que não apenas antecedem uma série de transformações no cenário político e cultural brasileiro, vide o avanço do conservadorismo e o impeachment da presidente Dilma Rousseff, como servem de fechamento para as atividades da banda, dissolvida no ano seguinte ao lançamento do álbum.



Este texto faz parte da nossa lista com Os 100 Melhores Discos Brasileiros dos Anos 2010 que será publicada ao longo das próximas semanas. São revisões mais curtas ou críticas reescritas de alguns dos trabalhos apresentados ao público na última década. Leia a publicação original.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.