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Crítica

VHOOR

: "Baile & Bass"

Ano: 2022

Selo: Independente

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: Badsista e Carlos do Complexo

Ouça: Bass, Arp e Corre

7.0
7.0

VHOOR: “Baile & Bass”

Ano: 2022

Selo: Independente

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: Badsista e Carlos do Complexo

Ouça: Bass, Arp e Corre

/ Por: Cleber Facchi 01/07/2022

Muito antes de ganhar o mundo com as canções de Baile (2021), bem sucedida colaboração com o rapper mineiro FBC, Victor Hugo de Oliveira Rodrigues, o VHOOR, vinha se aventurando em uma série de outras criações em carreira solo. São trabalhos como Baile & Vibes (2020) e Baile & Sauce (2020) em que o produtor de Belo Horizonte transita entre composições deliciosamente dançantes e músicas marcadas pelo forte aspecto contemplativo. Instantes em que o artista olha para a produção eletrônica dos anos 1980, 1990 e 2000, porém, de forma particular, conceito que vai das bases ao minucioso encaixe das batidas.

Esse mesmo direcionamento criativo fica ainda mais evidente com a chegada de Baile & Bass (2022, Independente). Novo álbum de VHOOR em carreira solo, o trabalho segue de onde o produtor mineiro parou nos últimos registros autorais, porém, utilizando de uma abordagem cada vez mais sensível e reducionista. São composições em que o artista funde elementos do miami bass com “técnicas de produção contemporâneas, utilizando de texturas densas, harmonias dissonantes e graves em movimento“, como resume no próprio texto de apresentação do material. Um combinação de ideias, ritmos e referências.

Escolhida como música de abertura do trabalho, Bass funciona como uma boa representação desse resultado. São pouco mais de dois minutos em que VHOOR transita em meio a ambientações urbanas e batidas que ora convidam o ouvinte a dançar, ora servem de passagem para um cenário consumido pela melancolia dos temas. É como se do ambiente apresentado há poucos meses, em Baile, o artista mineiro seguisse por uma trilha paralela. Composições que tratam sobre a solidão e permanente sensação de deslocamento dos indivíduos, proposta que vai da imagem da capa ao tratamento dado aos sintetizadores.

Entretanto, muito se engana quem vê nisso o estímulo para um trabalho minimamente arrastado ou contido em excesso. Na contramão do forte caráter atmosférico, quase inofensivo, que orienta as criações de diferentes exemplares do famigerado lofi hip-hop, microgênero que ganhou enorme popularidade em incontáveis playlists pelo YouTube, VHOOR se concentra na montagem de um repertório que alterna entre o recolhimento e momentos de maior provocação. São composições como a acelerada Under e Corre que parecem pensadas para tensionar a experiência do ouvinte e bagunçar criativamente os rumos do disco.

Dessa forma, VHOOR garante ao público uma obra essencialmente equilibrada. Canções que encolhem e crescem a todo instante, orientando a experiência do ouvinte até a música de encerramento do disco, Sensação. Perfeita representação desse resultado acaba se refletindo na já conhecida Arp. Inaugurada em meio a sintetizadores atmosféricos, a faixa rapidamente se transforma em um labirinto de sons e variações rítmicas que evidenciam o domínio criativo do artista. Outra que chama a atenção é Vilarinho, composição que adapta de forma bastante particular uma série de elementos apresentados pelo produtor em Baile.

Ao mesmo tempo em que convence pelo esmero de VHOOR no processo de construção do material, Baile & Bass, assim como os registros que o antecedem, é um álbum que tende ao uso de pequenas repetições. Passada a sequência de abertura, onde parte expressiva dos conceitos são apresentados ao ouvinte, tudo soa de forma bastante similar. Parte desse resultado vem da considerável diminuição das vozes, marca de obras como Baile & Drip (2020), e uso cada vez mais destacado das batidas e temas instrumentais, proposta que evidencia a forte homogeneidade do trabalho, porém, tende a diminuir o impacto do disco.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.