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Crítica

Westerman

: "An Inbuilt Fault"

Ano: 2023

Selo: Partisan

Gênero: Art Pop

Para quem gosta de: Hand Habits e Aldous Harding

Ouça: Idol; RE-run e Pilot Was A Dancer

7.3
7.3

Westerman: “An Inbuilt Fault”

Ano: 2023

Selo: Partisan

Gênero: Art Pop

Para quem gosta de: Hand Habits e Aldous Harding

Ouça: Idol; RE-run e Pilot Was A Dancer

/ Por: Cleber Facchi 31/05/2023

Responsável por um dos grandes discos lançados durante o período pandêmico, Westerman continua a testar os limites da própria obra em An Inbuilt Fault (2023, Partisan). Sequência ao material apresentado pelo artista em Your Hero Is Not Dead (2020), o trabalho segue a trilha do álbum que o antecede, porém utiliza da sutil corrupção dos elementos como estímulo para a construção das faixas. Composições que partem de uma abordagem linear, destacam o lirismo enigmático do músico britânico e sustentam no permanente atravessamento de informações um necessário componente de ruptura e transformação.

Parte desse resultado vem do esforço do artista em romper com a lógica solitária do trabalho anterior e buscar por novos parceiros criativos em estúdio. Cercado por um time de instrumentistas da cena de Los Angeles, Westerman garante ao público uma obra marcada pelos detalhes. São fragmentos de vozes, arranjos sempre caprichados e uma percussão pouco usual que assume diferentes formatações durante toda a execução do material. É como se o músico inglês resgatasse tudo aquilo que foi apresentado no lançamento de Your Hero Is Not Dead, porém, partindo de uma abordagem totalmente distorcida, torta.

Não por acaso, Westerman convidou James Krivchenia para atuar como coprodutor e principal parceiro criativo em An Inbuilt Fault. Conhecido pelo trabalho como um dos integrantes do Big Thief, o músico norte-americano incorpora às criações do artista inglês o mesmo experimentalismo explícito em obras como A New Found Relaxation (2020), além, claro, dos ruídos e atmosfera que marca o ainda recente Dragon New Warm Mountain I Believe in You (2021). Canções orientadas pelo inusitado acumulo de sedimentos sonoros, quebras e pequenas rupturas estéticas, direcionamento que tinge com incerteza a experiência do ouvinte.

Sexta composição do disco, A Lens Turning sintetiza de forma bastante eficiente esse resultado. São pouco mais de seis minutos em que Westerman parte de uma base cíclica de bateria, investe em camadas de guitarras e acréscimos ocasionais que vão de sintetizadores discretos ao uso instrumental das vozes. A mesma riqueza de detalhes e permanente corrupção dos elementos fica ainda mais evidente com a entrega da própria faixa-título do trabalho. Instantes em que o cantor utiliza de ambientações acústicas e sopros sempre convidativos, mas que assumem diferentes formatações à medida que o artista avança pelo canção.

Embora pontuado por momentos de maior experimentação e busca por novas possibilidades, An Inbuilt Fault garante ao público uma sequência de faixas marcadas pelo caráter acessível. Uma das primeiras composições do disco a serem apresentadas por Westerman, Idol; RE-run funciona como uma boa representação desse resultado. Enquanto os versos tratam sobre o culto cego a líderes populistas, arranjos cuidadosamente trabalhados pelo artista parecem pensados para envolver e confortar o ouvinte. Um precioso exercício criativo que ainda se reflete em músicas como a já conhecida CSI: Petralona e Take.

Marcado pela riqueza dos arranjos, melodias e vozes, An Inbuilt Fault é um disco seduz aos poucos, mas isso não o exime de alguns problemas bastante pertinentes. Da mesma forma que em Your Hero Is Not Dead, Westerman peca pela ausência de ritmo e entrega de canções que partilham de elementos tão característicos que beiram a repetição. Salve a crescente música de encerramento, Pilot Was A Dancer, com suas batidas e guitarras sempre destacadas, tudo se resolve de forma bastante similar, por vezes previsível, como uma limitação autoimposta que reduz o alcance do repertório apresentado pelo artista.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.