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Críticas

Mac DeMarco

: "Another One "

Ano: 2015

Selo: Captured Tracks

Gênero: Indie, Alternativo

Para quem gosta de: Real Estate, Ariel Pink's Haunted Graffiti

Ouça: The Way You'd Love Her, Another One

8.0
8.0

Disco: “Another One”, Mac DeMarco

Ano: 2015

Selo: Captured Tracks

Gênero: Indie, Alternativo

Para quem gosta de: Real Estate, Ariel Pink's Haunted Graffiti

Ouça: The Way You'd Love Her, Another One

/ Por: Cleber Facchi 29/07/2015

É o no mínimo curioso o sucesso em torno da obra de Mac DeMarco. Sem necessariamente romper com a mesma sonoridade testada desde a estreia, em 2012, com o álbum Rock and Roll Night Club, o cantor e compositor canadense conseguiu abraçar um número expressivo de fãs, excursionar em diferentes países – incluindo o Brasil – e ainda se transformar no novo queridinho da imprensa musical. Tudo isso em um intervalo de apenas três anos. Não se trata de um novo astro do rock, longe disso, entretanto, difícil encarar o jovem músico como um mero coadjuvante.

O segredo do sucesso? Letras descompromissadas, uma boa dose de romantismo escancarado e, claro, a contínua busca por um som tão íntimo da presente safra do rock estadunidense, como de clássicos da década de 1960 (The Beach Boys, The Beatles) e começo dos anos 1980 (R.E.M., Dire Straits). Perfeita representação desse resultado está gravada no curto acervo de Another One (2015, Captured Tracks), novo mini-LP apresentado pelo cantor e quarto registro de uma (boa) leva de composições inéditas.

Na trilha do antecessor, Salad Days (2014), o presente álbum é um trabalho para ser apreciada sem grandes expectativas. Da confissão romântica que inaugura o disco, com The Way You’d Love Her, passando pelos arranjos melancólicos de A Heart Like Hers – no melhor estilo Chamber of Reflection -, tudo gira em torno do universo particular do cantor. Um catálogo breve de sussurros apaixonados, delírios alcoólicos e pequenos desajustes pessoais.

A diferença em relação aos últimos discos do cantor está no completo estado de leveza e naturalidade que impulsiona o crescimento dos versos. É fácil se identificar com o mesmo sofrimento do compositor em faixas como Without Me ou se sentir representado nas declarações que marcam The Way You’d Love Her e I’ve Been Waiting For Her. DeMarco, longe de parecer um personagem fictício, utiliza da própria humanidade e tormentos cotidianos como um estímulo lírico, base e amarra para todo o acervo do presente disco.

Musicalmente, Another One soa como um criativo sopro de leveza dentro da discografia do cantor. Ao mesmo tempo em que as guitarras continuam a resgatar a essência de bandas como Dire Straits e toda a soma de representantes do Jangle Pop há mais de três décadas, difícil ignorar o lento domínio dos sintetizadores. Nada que surpreenda tanto quanto o desfecho climático (e experimental) na derradeira My House By The Water: uma seleção de ruídos aquáticos e uso controlado das harmonias eletrônicas.

Longe de parecer uma “confirmação” dentro da carreira do músico – papel talvez assumido pelo disco anterior -, Another One é um álbum em que Mac DeMarco parece brincar com os próprios limites, ao mesmo tempo em que assume uma novas direções instrumentais. A cada faixa, uma infinidade de setas e (novos) caminhos abertos, como uma prévia criativa dos futuros trabalhos do compositor, longe e, ao mesmo tempo, perto de uma atrativa zona de conforto.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.