Disco: “Assemblage Blues”, Dan Melchior

/ Por: Cleber Facchi 04/03/2011

Dan Melchior
Experimental/Garage Rock/Lo-Fi
http://www.myspace.com/dasmenace

 

Por: Fernanda Blammer

De um começo humilde (sem clichês, ok?) em meados dos anos 90, o britânico Dan Melchior acabou lentamente foi consolidando até o resultado encontrado em seu mais recente disco Assemblage Blues (2011). Em mais de dez anos de trabalhos calcados na experimentação e no uso elaborado de programações de guitarras, o músico parece finalmente ter encontrado seu caminho, elevando suas criações estranhas a um patamar instigante.

Figura reconhecida do rock de garagem britânico, Melchior teve suas primeiras composições ao lado de Billy Childish, músico, pintor e poeta britânico, que embora não seja muito conhecido é portador de uma discografia gigantesca, sempre trazendo como foco o a música lo-fi e o punk. Além de Childish, Dan foi atrás de outras bandas relevantes dentro do cenário inglês, como o The Homossexuals e o The Falls além de uma rápida aproximação com Syd Barret, principalmente na questão poética.

Em seu mais recente trabalho, o músico se especializa na criação de composições experimentais dotadas de um toque caseiro que transita pela psicodelia, o blues e as excêntricas composições lo-fi que muito se aproximam do trabalho de Daniel Johnston. Nas doze faixas de Assemblage Blues, Melchior vai lentamente se acomodando dentro de um cenário, que embora pareça desconexo, segue um fluxo até natural, quando melhor compreendido.

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Enquanto nas canções iniciais do álbum fica visível a predisposição do artista no desenvolvimento de “músicas”, a partir da metade do álbum até seu término é o total experimentalismo que assume o rumo das composições. Em Bewildered and Wild é perceptível como a canção segue de maneira acessível e cantarolável, mesmo imersa em inúmeros ruídos e inclusões sonoras estranhas. Já em January 1996 o panorama se inverte. Melchior dá vazão a um som nada fácil e substitui a os vocais cantados por um texto declamado. As constantes programações de guitarras vão fomentando diversas camadas sonoras quase etéreas, transportando o ouvinte de vez para as estranhezas do álbum.

Mesmo dentro desse cenário claustrofóbico o músico ainda se permite a criar faixas mais “fáceis”, porém qualquer resultado musical após o início das composições experimentais é suspeito. Em Darling há até uma tentativa de Melchior soar mais acessível, por meio de um blues ruidoso em que segue tocando um violão de maneira hábil e entusiasmada. Entretanto é quando solta de vez seu lado experimental em faixas como Bread Bin Wailing (Moonlight Crow), que o álbum alcança seus melhores momentos.

Embora não seja um artista tão popular quanto diversos outros músicos do gênero, Dan Melchior é referência para um bom número de artistas contemporâneos, entre ele Jack White, que já convidou o músico diversas vezes para a abertura das apresentações da extinta The White Stripes. Assemblage Blues pode até parecer um trabalho difícil no começo, mas bastam algumas audições para que ele revele por completo suas tonalidades e excentricidades musicais.

 

Assemblage Blues (2011)

 

Nota: 7.3
Para quem gosta de: Dirty Beaches, Vocabulary e Woebot
Ouça: January 1996

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.