Ano: 2024
Selo: Balaclava Records
Gênero: Indie Rock, Dream Pop
Para quem gosta de: Terno Rei e Terraplana
Ouça: Amarga, Medo e Um Sorriso Que Se Vai
Ano: 2024
Selo: Balaclava Records
Gênero: Indie Rock, Dream Pop
Para quem gosta de: Terno Rei e Terraplana
Ouça: Amarga, Medo e Um Sorriso Que Se Vai
Sonhos Que Nunca Morrem (2024, Balaclava Records) é um desses discos que engolem você. Verdadeiro catálogo de emoções, o segundo e mais recente trabalho de estúdio da banda catarinense Adorável Clichê segue de onde o quarteto formado por Gabrielle Philippi (voz e guitarra), Marlon Lopes (guitarra e voz), Gabriel Geisler (baixo) e Felipe Protski (teclado) parou no antecessor O Que Existe Dentro De Mim (2018), porém, potencializa esse resultado de forma a destacar ainda mais a grandeza dos versos e sentimentos.
“É difícil aceitar / Que somos feitos de coisas que deixam cair por aí / Fico catando as sobras e usando pra me alimentar / Eu finjo, mas não finjo bem”, confessa Philippi em Amarga, composição em que trata sobre dependência emocional e a sensação de ser apenas uma alternativa secundária na vida de outra pessoa, mas que sintetiza de maneira preciosa a forte carga sentimental que consome o trabalho. São temáticas e versos talvez desgastados pela própria banda, vide músicas como Papel de Trouxa e Traços, entretanto, utilizando de uma visceralidade e entrega poucas vezes antes percebida nas criações da Adorável Clichê.
Embora parta de uma abordagem ainda mais intensa e liricamente devastadora em relação ao repertório apresentado em O Que Existe Dentro De Mim, interessante perceber em Sonhos Que Nunca Morrem um refinamento talvez inimaginável quando pensamos na atmosfera caseira que marca o primeiro álbum da banda. Das guitarras labirínticas Lopes aos sintetizadores cósmicos de Protski e sempre elegante baixo de Geisler, cada elemento parece incorporado de forma a complementar os versos detalhados por Philippi.
Parte desse resultado vem não somente do longo período de preparação imposto durante a pandemia de Covid-19, mas pela maneira inteligente como a banda utilizou desse momento para incessantemente testar novas possibilidades e se aprimorar criativamente. Entre o lançamento de O Que Existe Dentro De Mim e a chegada de Sonhos Que Nunca Morrem, o grupo revelou sete ótimas composições, como Gelo Fino e Mar Aberto, que acabaram de fora do disco, mas que ajudam a entender o processo de evolução do quarteto.
Dessa forma, ao mergulhar no repertório de Sonhos Que Nunca Morrem, prevalece a sensação de que o quarteto reservou ao ouvinte apenas suas melhores criações. Não se trata de algo necessariamente novo ou transformador quando observamos outros exemplares do gênero, porém, tudo é tratado com tamanho esmero que é impossível não ceder aos encantos da banda. Do lirismo opressivo que invade os versos de Medo (“O medo me mantém / Olhando pra trás”), à doce melancolia de Um Sorriso Que Se Vai (“Já disse que acha mais bonito quando eu / Afundo na minha dor”), evidente é a sensibilidade aplicada pelo grupo.
Interessante notar que, mesmo marcado pela forte carga emocional e maior complexidade na elaboração dos arranjos, Sonhos Que Nunca Morrem em nenhum momento deixa de parecer um trabalho acessível. Assim como aconteceu com a Terno Rei em Violeta (2020), o registro marca a transição da banda para um material capaz de dialogar com uma parcela ainda maior do público. São canções que tratam sobre temas universais, expressando uma vulnerabilidade que fascina, comove e se conecta diretamente com o ouvinte.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.