Cloud Nothings
Lo-Fi/Indie Rock/Noise Pop
http://www.myspace.com/cloudnothings
A estreia do Cloud Nothings não podia acontecer em melhor momento. Desde que 2010 findou, um numero surpreendente de novas bandas inspiradas no rock lo-fi, surf rock, noise pop e experimentalismo indie explodiu em escala inacreditável. Com exceção do Smith Westerns que lançou um dos melhores discos do ano até agora e se vale de uma temática similar, a proporção de grupos que fazem um som chupado de artistas da última estação é lamentável. Uma falta de energia, despreparo e inspiração da qual nem o “mestre” Robert Pollard, pai de toda essa geração conseguiu escapar em seu último lançamento (Space City Kicks, 2011). Como dito, a estreia do Cloud Nothings vem na hora certa e consegue converter todos esses erros em acertos.
Comandado pelo inexperiente/experiente Dylan Baldi de apenas 18 anos, a banda surgiu há pouco mais de dois anos na cidade de Cleveland e de lá pra cá foi responsável pelo lançamento de alguns bons discos 7” e singles, que não ficariam incoerentes se inseridos em algum álbum do Guided By Voices ou em alguma fita cassete de determinadas bandas dos anos 90.
Baldi que teve a adolescência totalmente distante da década de 1990 busca nos músicos dessa mesma geração para compor cada uma das 11 faixas de seu auto-intitulado disco de estreia. Nada de Nirvana ou grandes grupos, o músico vai atrás do que há de mais sujo, rápido e certeiro na época. O Rapaz destila acordes claramente marcados pelo Pop Punk, sem soar como boa parte das bandinhas que afirmam usufruir do mesmo estilo. Sempre dando boas mostras de sua guitarra certeira e profundamente jovial, Baldi não dá folga em nenhum momento durante os curtos 28 minutos do disco. E precisa mais? Seus menos de trinta minutos de duração são muito mais agradáveis do que horas de guitarradas de algumas bandas atuais.
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Como bom jovem que é suas letras trazem basicamente temas como corações partidos, bebedeiras com os amigos, festas, problemas com os pais e garotas, tudo com a inacreditável habilidade de não soar clichê. Em alguns momentos o disco mostra uma clara aproximação com o Weezer da fase Pinkerton, embora o disco seja embalado em um formato sujo e totalmente distinto da discografia de Rivers Cuomo. O ótimo Nothing Hurts (2010) dos britânicos do Male Bonding também surge como referência, apesar de Baldi e seus companheiros darem preferência a um som bem mais acessível do que agressivo.
Uma das coisas mais divertidas dentro do Cloud Nothings está nos vocais ainda adolescentes de Baldi, através de seus gritos, o backing vocal ou mesmo quando tenta soar maduro e acabe forçando a voz em algumas das faixas, sempre tentando parecer mais velho do que é. Contudo Dylan Baldi não precisa crescer ainda, já que é toda essa energia jovial e inexperiência que movimentam o disco.
O som do Cloud Nothing é como eles definem em sua página no MySpace: Pop. As guitarras, a raiva adolescente e a gritaria são um mero complemento. Talvez seja esse o grande erro de boa parte dessas novas bandas ou do próprio Pollard em seu último disco: fazer um álbum conceitual e esquecer um atributo importante, o de ser pop, não de maneira descartável, apenas fácil e divertido. E Baldi sabe como ninguém o que é diversão.
Cloud Nothings (2011)
Nota: 8.5
Para quem gosta de: Male Bonding, Smith Westerns e No Age
Ouça: You’re Not That Good at Anything
Por: Cleber Facchi
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.