Disco: “Director’s Cut”, Kate Bush

/ Por: Cleber Facchi 16/05/2011

Kate Bush
British/Alternative/Female Vocalists
http://www.katebush.com/

Por: Fernanda Blammer

Luz, câmera e ação! Em seu mais novo filme disco (ou remake) a veterana Kate Bush comprova o fato de que anos passados desde seu primeiro registro no mundo da música apenas trouxeram mais e mais melhorias para sua carreira, ampliando tanto seus vocais quanto a instrumentação que a cerca. Em Director’s Cut (2011) a britânica ícone do art rock dos anos 80 traz um jogo de 11 regravações de sucessos próprios e algumas canções menos reconhecidas, sempre em busca de reformulações em sua própria sonoridade, cruzando o passado com o presente em um álbum banhado pela sensibilidade.

Superando expectativas, em 2005 a musicista voltava à cena com Aerial, seu primeiro trabalho depois de passar mais de dez anos em um exílio criativo, de onde surgia esporadicamente para apresentações ao vivo, mas sem nenhuma novidade. O álbum, que foi carinhosamente recebido por toda a imprensa britânica acabou no topo das listas dos grandes lançamentos daquele ano, fruto da competência da artista, que transformou seu retorno em mais um memorável disco de estúdio e um dos melhores de toda sua densa carreira. Para seu nono e mais recente disco, Bush segue a mesma temática, embalando os ouvintes com seu pop detalhista, tomado por um instrumental único e vocais ainda mais singulares.

Mesmo que seu novo trabalho traga pouca ou nenhuma novidade no quesito poético (já que se trata de uma revisão de suas próprias canções) a sonoridade desenvolvida ao longo das faixas faz com que cada uma das canções se apresente de maneira totalmente inédita. Fazendo jus ao título do álbum, Bush dá sua própria versão ao conjunto de faixas escolhidas, todas retiradas entre os anos de 1989 e 1993, ou mais especificamente dos discos The Sensual World e The Red Shoes, últimos dois lançamentos da cantora antes da entrada no hiato.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=nzqF_gBpS84]

Dona de uma voz peculiar em seus primeiros registros, soando como uma Joanna Newsom de seu tempo, a maturidade trouxe à britânica um toque sombrio em seus vocais, deixado a tonalidade de uma quase pudica para traz em prol de uma aura levemente amargurada apoderando-se de sua voz. Um bom exemplo dessa mudança está no primeiro single do novo disco, Deeper Understanding, que originalmente vinha tomada um lirismo pós-adolescente e que aqui se revela em um achado levemente soturno, tomado pela inserção de efeitos e sons disformes, que incluem até a utilização de uma talk box.

Da mesma maneira que os vocais trazem certo toque de obscuridade, em Director’s Cut Kate faz com que a instrumentação do disco seja dominada por uma massa sonora que colide os mais variados tipos de som, resultando em uma forma de música que percorre décadas, estilos e instrumentos. Há um toque de Dream Pop percorrendo todo o álbum, assim como pequenas inserções de música folk e até vagos experimentalismos, o que torna complexa a definição do que é de fato o som explorado pela inglesa, talvez “soberbo” seja o que o defina.

Embora um trabalho de composições totalmente inéditas fosse de enorme agrado para os admiradores da obra de Kate Bush, ter o presente disco como um LP de regravações é a atitude mais correta da artista, em vista da beleza de seu último disco. Com seu nono álbum a britânica não apenas revive antigos sentimentos (que parecem tão atuais quanto foram há mais de duas décadas) como se revela inédita para uma geração de novos ouvintes (e possíveis futuros fãs). Ao contrário de muitos remakes que rolam por aí, a cantora soube como manter os mesmos bons aspectos do passado, transformando seu “novo” álbum em um verdadeiro blockbuster.

Director’s Cut (2011)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Cocteau Twins, Joni Mitchel e Björk
Ouça: Top Of The City

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.