Disco: “Keep You Close”, dEUS

/ Por: Cleber Facchi 15/09/2011

dEUS
Belgian/Alternative Rock/Indie
http://www.deus.be/home/

 

Por: Gabriel Picanço (@gabrielpicanco)

Desde a metade da década de 1990, em grande parte da Europa, dEUS é tida como uma das principais bandas de rock alternativo, com uma fiel legião de fãs em diversos países. Apesar disso, o sucesso não chegou a se estender muito além do velho mundo. Mesmo assim, a principal banda de rock da Bélgica continua firme, acaba de completar 20 anos de carreira e acaba de lançar seu sexto disco, Keep You Close. Contudo, há muito tempo, não é mais a mesma banda de antes.

Após um longo hiato, o grupo belga entrou no que se pode chamar de sua segunda fase, a partir de 2004, com o lançamento de Pocket Revolution, primeiro álbum depois de The Ideal Crash de 1999. A partir de então, dEUS se tornou uma nova banda. Mesmo com a continuidade do núcleo central, o vocalista e guitarrista Tom Barman e o tecladistas Klaas Janzoons, a sonoridade tomou outro rumo, mais próxima do “pop-rock alternativo”, sem o frescor experimentalista presente nas faixas do segundo álbum da banda, In A Bar, Under de Sea, de 1996, considerado o melhor trabalho do grupo, ou mesmo no EP My Sister = My Clock, que consiste em apenas uma faixa de 26 minutos. Isso tudo ficou para trás.

Em Keep You Close, essa transição entre o novo e o velho dEUS se cristaliza. O trabalho é adulto, sério e acessível.  É composto de canções concisas e sóbrias, porém, barulhentas, como a faixa titulo ou em Dark Sets in, uma das melhores do disco. O domínio é das guitarras, com o ocasional aparecimento de outros elementos, e, principalmente, dos arranjos orquestrados que são importantes durante todo o disco. Um modelo geral onde nada se parece com o jovial hit Suds & Soda, do primeiro trabalho da banda, Worst Case Scenario, de 1994.

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O grupo, porém, continua muito competente no que diz respeito à construção de climas envolventes em suas músicas. Na faixa Easy, por exemplo, os momentos calmos se alternam com outros mais exaltados, com guitarras explodindo constantemente, combinando-se com elementos perfeitamente encaixados, resultado de um belo e cuidadoso trabalho de produção que vai muito além da simples variação do volume.

Entretanto, o álbum não empolga ou emociona profundamente em nenhum outro momento. Por outro lado, não decepciona. Fica difícil apontar um ponto negativo concreto no disco. O problema é apenas a falta novidade e de carisma de algumas músicas. A faixa Constant Now, por exemplo, uma das mais comerciais do disco, apesar de muito bem composta e executada, não chega a ser excepcional e provavelmente não vai grudar na sua cabeça.

Keep You Close, apesar de não trazer nenhuma inovação de estilo considerável e nem se destacar na discografia da banda, é um trabalho de alta qualidade, conciso e de padrão técnico inquestionável. É, certamente, o reflexo do amadurecimento musical e pessoal  da banda e do quarentão Tom Barman, principal compositor do grupo. Para alguns, chega um momento em se escolhe dar um tempo nas experimentações para se fincar em bases mais sólidas, essa parece ter sido a escolha de dEUS.

 

Keep You Close (2011, Independente)

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Zita Swoon, Evil Superstar e Magnus
Ouça: Dark Sets in e Keep You Close

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.