Noah and The Whale
British/Indie Pop/Folk
http://www.myspace.com/noahandthewhale
Por: Fernanda Blammer
Depois de um bem tomado pé na bunda de Charlie Fink, que resultou no lançamento de The First Days of Spring (2009), os britânicos do Noah and The Whale fazem seu retorno através do terceiro disco de estúdio da banda. Nada de canções melancólicas lamentando sobre a perda da pessoa amada, Last Night on Earth (2011) traz a banda de volta ao conceito de seu primeiro disco, explorando inclusive novas nuances e variações de som dentro desse trabalho, mostrando com isso, que todo o sofrimento (ou parte dele) ficou para trás.
Os mesmos arranjos elaborados e detalhadíssimos que compunham faixas como My Broken Heart e Blue Skies do segundo álbum, e 5 Years Time e Shape Of My Heart do primeiro trabalho ainda se fazem presentes dentro desse terceiro disco da banda londrina, a diferença está na forma como eles são empregados. Enquanto nos dois primeiros álbuns a sonoridade era diluída de maneira orgânica por meio de inclusões acústicas detalhadas, aqui o grupo mescla a mesma instrumentação com elementos variados que incluem até a música eletrônica.
A participação de elementos “sintéticos” dentro do disco se mostra logo na faixa de abertura, Life is Life, em que a banda chega com uma boa carga de programações artificiais aos comandos de uma bateria eletrônica. A canção transita entre alguma coisa do Belle and Sebastian dos últimos discos com elementos que remetem de alguma forma ao U2. Toda a melancolia enaltecida no anterior trabalho da banda ainda se mostra presente nessa faixa, embora seja como se ela já estivesse se dispersando.
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Mesclando com maior propriedade essa ampla variedade de elementos dentro do disco L.I.F.E.G.O.E.S.O.N., o primeiro single da banda se mostra como um momento que se divide entre a alegria do disco de estreia e a sobriedade do segundo. É quase como se os elementos orquestrados fossem abandonados para que uma sonoridade mais “seca” conduzisse o álbum. O mesmo vale para Give it All Back, que de certa forma faz com que o NATW surja pela primeira vez como um “grupo de rock”, mesmo que seja por um caminho diferenciado.
Se antes era através do estudo da sonoridade de bandas como Neutral Milk Hotel e do já mencionado grupo de Stuart Murdoch, que o Noah and The Whale buscava sua inspiração, com esse terceiro disco é atrás do post-punk oitentista que a banda delimita sua fonte. Mesmo quando resolvem se apegar ao uso de um som menos compactado como em Just Me Before We Met os londrinos não abandonam as batidas secas e as guitarras tão similares, remetendo facilmente ao som de artistas como The Smiths (Waiting for My Chance to Come parece muito com algo do Morrissey em alguns momentos), The Cure e um pouco menos Echo & The Bunnymen.
Embora Last Night On Earth não consiga captar o mesmo brilhantismo e toda a força do anterior álbum da banda (sim, um pé na bunda faz a diferença), não há como discordar que este é um ótimo trabalho. O grupo ao menos acerta pelo fato de se renovar, feito que vem acompanhando o grupo a cada novo trabalho, porém uma continuação aos moldes do disco anterior não seria ruim. O jeito é nos consolarmos com No Joy e Wild Thing, que de alguma forma nos fazem sofrer como em The First Days of Spring.
Last Night On Earth (2011)
Nota: 5.8
Para quem gosta de: Laura Marling, Fanfarlo e Mumford & Son
Ouça: Wild Thing
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.