Ken Seeno
Indie/Electronic/Ambient
http://soundcloud.com/kenseeno
Por: Fernanda Blammer
Mesmo que alguns artistas estejam fadados ao trabalho em conjunto, algumas aventuranças em carreira solo não decepcionam. Prova disso é o primeiro trabalho individual de Ken Seeno, guitarrista do Ponytail (banda que por sinal acaba de lançar disco novo) e que a exemplo do colega Dustin Wong se afunda de vez na criação de nuances instrumentais e sonorizações que focam na música ambiente. Tranquilo, o músico organiza uma série de boas e detalhadas faixas que passam longe de serem enfadonhas.
A primeira constatação ao ouvir Open Window (2011) é obviamente a de estranheza. Para quem está sempre acostumado a apreciar o músico lançando uma série de acorde bizarros e melodias inconstantes, vê-lo de maneira pacata, destilando sons quase minimalistas é realmente curioso. Porém, uma vez dentro do espaço criado por ele na faixa Another Leaf Lying On The Ground o difícil é escapar. Aos poucos Seeno vai nos acostumando aos seus sons e passadas algumas audições é até possível que ele já teve outra banda, como se ali fosse a única forma de encontrar o músico.
Assim como a capa do disco, tudo dentro dessa estreia de Ken Seeno soa de maneira simples, ponderada, como se feita com total minúcia e até um pouco de solidão. É quase visível a presença do músico solitário se dividindo entre alguns sintetizadores e sua guitarra dentro de um quarto branco, feito o que ilustra o álbum. Momentos como In Moonlight justificam isso com facilidade. As batidas serenas e pequenas climatizações apenas intensificam a percepção serena que o trabalho transmite.
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Flertando com a música eletrônica Seeno nos entrega Rare Moon On The Horizon, composição recheada de bips, lampejos tecnológicos e esparsas guitarras que remetem fácil ao som proposto pelo Ratatat. De fato, boa parte do trabalho lembra de leve as sonorizações feitas por Evan Mast e Mike Stroud, porém, enquanto a dupla nova-iorquina manifesta um tipo de som mais dinâmico e até mais chapado, Ken foca no reducionismo e em faixas mais suaves, em alguns momentos quase românticas.
Ao mesmo tempo em que Open Window se mostra um trabalho interessante, certas canções poderiam ser facilmente limadas, a fim de um som mais direto e ausente de excessos. Woody, por exemplo, parece com um amontoado de tudo que o músico vem construindo no decorrer do álbum, sendo claramente desnecessária. A proporção de acerto, porém faz com que estes mínimos erros passem praticamente despercebidos.
Se apreciado livre de expectativas esse disco de Ken Seeno acaba se mostrando um trabalho fácil e excelente para momentos de maior tranquilidade. Claro que você fica a todo o momento esperando que o músico jogue alguma guitarra excêntrica aos moldes do que ele constrói com o Ponytail, mas aqui o encaminhamento e outro e tão satisfatório quanto.
Open Window (2011)
Nota: 7.0
Para quem gosta de: Dusting Wong, Ponytail e Ratatat
Ouça: Cedilla in My Monogram
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.