Disco: “Pangea I Palace II”, Lemoskine

/ Por: Cleber Facchi 12/08/2015

Lemoskine
Nacional/Indie/Alternative
http://www.lemoskine.com/

Mais conhecido pelo trabalho ao lado da Banda Mais Bonita da Cidade, além de integrante do grupos como Naked Girls & Aeroplanes e ex-vocalista da extinta Poléxia, o cantor e produtor Rodrigo Lemos – “um artista” como resume no próprio site -, parece ter encontrado no Lemoskine um projeto marcado pela criação. Um espaço criativo pensado para armazenar e reformular grande parte das composições dissolvidas dentro dos diferentes projetos assinados pelo músico.

A cada novo disco, uma espécie de recomeço. Longe da ambientação serena, quase “Folk”, explorada no disco anterior, Toda a Casa Crua, de 2012, Lemos encontra no recém-lançado Pangea I Palace II (2015, Independente) um trabalho em que parece brincar com as possibilidades. Uma obra de dois lados, “parte delas contempla um passado longínquo… Outra parcela trata de forma mais dura a condição humana”, disse em entrevista ao site da Billboard.

Sem necessariamente se valer de uma divisão forçada, como dois caminhos propositadamente distintos, Lemos encontra na constante sobreposição e mescla de arranjos a base para uma obra de possibilidades (quase) ilimitadas. Um verdadeiro acervo de composições existencialistas e urbanas, peças tão íntimas do personagem contestador interpretado pelo músico (Nesse Lugar), como atentas ao presente cenário nacional (Plantado em Fel).

Em um explícito sentido de renovação, Lemos ultrapassa o preciso cercado de arranjos e temas testados até o último disco para provar de novas essências musicais. Ainda que o reggae seja explorado com maior nitidez e destaque, vide o manuseio das guitarras e bases densas que movem o single Pedra Furada, durante toda a obra, diferentes colagens e adaptações instrumentais jogam com a interpretação do ouvinte.

Nos instantes finais de Um Salve, o evidente flerte de Lemos com o Jazz. Em Pirão, a mesma colagem de ritmos nacionais e vozes coro que abasteceram o trabalho da veterana Titãs no clássico Õ Blésq Blom (1989). Difícil não lembrar de Pato Fu nos experimentos eletrônicos da derradeira Um Negócio, faixa que ainda emula vozes típicas do soul dos anos 1970. Sobra até para uma rápida passagem pelo mesmo som “compacto” do disco anterior em O que eles têm, música que abraça a novidade ao investir no movimento sujo das guitarras.

Faixa após faixa, a colorida imagem que estampa a capa do trabalho parece servir de indicativo para rico acervo de fórmulas, temas, gêneros musicais e conceitos que alteram os rumos do álbum. Da abertura ao fechamento do registro, um caminho torto, repleto de curvas, passeios etéreos e pequenas quebras rítmicas que fazem de Pangea I Palace II um disco novo a cada audição.

Pangea I Palace II (2015, Independente)

Nota: 7.7
Para quem gosta de: Nação Zumbi, Banda Gentileza e Wado
Ouça: Pedra Furada, Um Negócio e Nesse Lugar

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.