The Skull Defekts
Noise/Drone/Experimental
http://www.myspace.com/skulldfx
Você não precisa ir muito além de da faixa-título Peer Amid para entender do que se trata a sonoridade do quarteto sueco The Skull Defekts. Os nove minutos e doze segundos de duração da faixa já exprimem com eficiência todas as nuances e o caminho pelo qual segue o grupo. E esse caminho é caótico, cheio de nuances sujas, distorções em doses monumentais, picos de drone, riffs massivos de guitarra, percussão tribal e peso, muito peso nas composições.
Gravado na capital sueca Estocolmo e com produção de Stephan Brainstrum o novo álbum dos crânios defeituosos apresenta uma sonoridade muito mais aberta em relação ao lançamento anterior do grupo, o também ótimo The Temple (2009). A predisposição do grupo em se envolver com a música tribal se firma com esse novo álbum como talvez o principal elemento das composições. Contudo os tambores e a percussão surgem em um caráter muito mais sintético, mas nem por isso menos interessante. Com seus mais de oito minutos In Majestic Drag se converte em guitarras com foco na sonoridade repetitiva do drone, enquanto as batidas de uma tribo futurística vão comandando a frente da faixa.
Peer Amid é um álbum que se transforma em uma espécie de fortaleza instrumental. Cada uma das canções vai levantando paredes, muralhas e se cercando de armamentos durante o fluir das músicas. Gospel of the Skull vem crivada de guitarras monumentais enquanto a voz de Daniel Higgs (com um timbre próximo do de Ozzy Osbourne) vai surgindo como complemento para o fluxo da faixa.
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O post-punk aqui vem de maneira desconfigurada, como se os suecos absorvessem a sonoridade britânica dos anos 80 e expelissem isso em uma linguagem própria, como se fossem eles os criadores de tal estilo. Fragrant Nimbus dá provas disso com sua instrumentação acelerada e que se vale de toques da música industrial para preencher suas pequenas lacunas. A letra declamada na voz de Higgs vai se dissolvendo em meio às inserções sujas de guitarras em uma linguagem pós-apocaliptica no melhor estilo Sonic Youth.
Se até aí o disco estava seguindo brilhantemente, porém de maneira “fácil” chega What knives, what birds com seu experimentalismo disforme para bagunçar o álbum. As distorções, gritos deformados do vocalista e os instrumentos guerreando o tempo todo vão aos poucos se orientando dentro de uma massa de caos sonoro. Logo chega a sensação de que todos os elementos finalmente se convergem em um ponto único, assim lentamente a gritaria e as doses de esquizofrenia iniciais vão se assentando.
Embora o novo álbum do The Skull Defekts seja construído em cima de uma união de elementos confusos e raivosos, não há como contestar o quão acessível é esse resultado. Diferente de outras obras modernas voltadas para a Drone music – como Monoliths & Dimensions (2009) do Sun O))) ou Tarot Sport (2009) do Fuck Buttons – a sonoridade dos suecos chega de maneira muito mais direta e ausente de longos e repetitivos solos que tanto marcam estes outros artistas. Talvez por isso seja tão fácil ficar preso às estranhas composições do grupo.
Peer Amid (2011)
Nota: 8.3
Para quem gosta de: Expo ’70, Boris e Sonic Youth
Ouça: Fragrant Nimbus
Por: Fernanda Blammer
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.