Disco: “The Big Roar”, The Joy Formidable

/ Por: Cleber Facchi 22/01/2011

The Joy Formidable
Indie Rock/Female Vocalists/Pop
http://www.myspace.com/thejoyformidable

Desde que a imprensa inglesa descobriu o The Joy Formidable no final de 2007 que um tsunami de noticias sobre a banda assolou a rede. A cada novo single, EP ou apresentação do grupo (fosse num bar desconhecido dos subúrbios londrinos ou em uma turnê com outras bandas) tudo era motivo de alarde. E o trio obviamente tirou proveito disso. Foram lentamente soltando canções esporádicas, recebendo comentários, lançando um clipe aqui, ganhando novos comentários, se apresentando em algum programa ali, mais comentários, enquanto viviam da eterna fabricação de seu primeiro CD, que obviamente serviu como fonte para inúmeras matérias.

Passados quase quatro anos desde a “explosão” do grupo no velho mundo, finalmente chega o primeiro trabalho de estúdio do trio formado por Ritzy Bryan, Rhydian Dafydd e Matt Thomas. E ele já vem carregando um título grandioso: The Big Roar (o grande rugido). Porém, a propaganda e o excesso de informação sobre o disco e banda antes mesmo de seu lançamento acabaram ocultando o que algumas pessoas até perceberam, mas foram obrigadas a engolir mediante tanta pressão: o The Joy Formidable não é e nunca foi tão bom assim.

O som do grupo deveria receber o rótulo de “típico produto britânico”. A fórmula é composta de guitarras aceleradas ao máximo, refrões marcantes e um ritmo que começa ponderado até que vai crescendo ao ponto de um final apoteótico. O que muda com os alegres formidáveis é a vocalista no lugar de algum garoto, montando as canções com uma voz de pudica, mas ainda dotada do mesmo sotaque que serve para dar aquele charme à canção. Para não ficarem tão parecidos com as outras bandas já existentes o grupo não foca tanto no post-punk revival, mas sim no shoegaze revival. Acrescente algumas composições típicas de rock de arena e você alcançou a fórmula do sucesso. Claro que o produto vem com prazo de validade: cerca de um ano de shows, clipes, singles e apresentações na TV, depois é hora de começar tudo de novo.

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Durante todo o tempo em que o grupo esteve fabricando seu debut, o que não faltaram foram bandas para indicar como similares ao som do The Joy Formidable. Uns falaram que era um Arcade Fire mais “roqueiro”, outros que era um misto de grunge com indie rock e houve ainda quem chamou Ritzy Bryan de a nova Karen O. Bem de fato o grupo deve ter ouvido muito Yeah Yeah Yeahs, os canadenses do Arcade Fire, Nirvana ou qualquer referência que queiram dar ao grupo. Porém em nenhuma das canções de The Big Roar você encontra nada disso.

O álbum se vale de uma sonoridade pop e descartável que se disfarça através de espessas camadas de guitarra, o que faz com que eles soem como figurões do rock alternativo, quando na verdade não são. O trio britânico pode até ter feito algum bom show quando ainda batalhava desconhecido no underground de Londres. Porém com todos os holofotes voltados para eles a banda deve ter esquecido que não basta apenas sair nas páginas de alguma revista é preciso fazer música, e isso eles ainda não fizeram.

The Big Roar (2011)

Nota: 5.0
Para quem gosta de: Blood Red Shoes, Fight Like Apes e School Of Seven Bells
Ouça: The Magnifying Glass

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.