Disco: “Toomorrow”, Wagon Chrsit

/ Por: Cleber Facchi 12/03/2011

Wagon Christ
British/Electronic/IDM
http://www.myspace.com/lukevibertdj

Por: Cleber Facchi

Da mente fértil do britânico Luke Francis Vibert surgiu desde os anos 90 uma série de trabalhos criativos, tendo sempre como base a música eletrônica e suas múltiplas variações. Depois de percorrer a música Techno, o trip-hop, o dub e o minimalismo, o produtor chega com Tomorrow (2011), seu mais recente disco através da alcunha de Wagon Christ, um dos trabalhos mais antigos do produtor e que traz como foco a IDM dissolvida em múltiplas tonalidades.

Logo de cara uma constatação: é realmente difícil classificar o álbum e suas composições dentro de um gênero que não seja a eletrônica. Há desde hip-hop, passando pelo dub, esbarrando no trip-hop, toques de acid Techno, ambient music e segue a lista de gêneros que vão se encontrando dentro desse trabalho. A tríade de abertura Introfunktion, Toomorrow e Manalyze This! consegue apontar diversos elementos destes quase vinte anos de carreira do britânico, sem que necessariamente seja preciso fixar-se a um ritmo específico.

Não apenas o recorte de referências que constitui cada faixa desse álbum deve ser levado em consideração, mas também a maneira como Vibert encaixa desde as batidas, ao pequeno uso de teclados e sintetizadores, os diálogos sampleados, e todas as inúmeras programações, loopings e bases eletrônicas dentro das tracks. O que poderia se transformar em uma enorme geleia sonora vai aos poucos seguindo por um caminho conciso, como se todas as faixas fosse compactadas de maneira uniforme, mesmo abrangendo elementos tão distintos.

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O baixo funkeado, as programações e ruídos ao fundo e a bateria cuidadosa de Ain’t He Heavy, He’s My Brother fazem dessa uma das canções melhor desenvolvidas dentro do disco. Como se não bastassem os esporádicos versos e o pé no Dub, o produtor complementa a faixa com um bom uso de sintetizadores e até órgãos. Apostando na mesma levada dançante, mas com um foco maior no dancehall e no dubstap chega Wake Up, música que remete em diversos momentos ao resultado obtido no disco London Zoo (2008) do The Bug.

Focando na IDM e na ambient music, Sentimental Hardcore cerca-se de samplers cuidadosos e até “fofinhos” para dar vazão a um som mais sofisticado e até mais solto. Porém se a escolha for a de originar uma faixa dançante, Lazer Dick com seus toques de nu-jazz e maior simplicidade na construção das bases é a faixa certa para isso. Hip-hip e funk se encontram na gingada Respectrum, adornada pelo sampler de instrumentos de sopro e uma das faixas mais quentes do disco.

Diferente dos trabalhos anteriores como Wagon Christ, Luke Vibert se orientava por um padrão ou um estilo pré-definido durante todo o álbum. Tudo bem que há um foco maior na Black Music e suas várias dissidências dentro desse recente trabalho, porém há também um aprofundamento em diversos outros gêneros e tipos de som. Assim como em outros trabalhos como Sorry I Make You Lush (2004) e Musipal (2001) o produtor sabe como amarrar bem suas plurais referências, mobilizando um disco agradável aos interessados em diversos gêneros, uma pequena biblioteca sonora dentro de um único registro.

Toomorrow (2011)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: The Bug, Plug e Aphex Twin
Ouça: Wake Up

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.