Curren$y
Hip-Hop/Rap/Dirty South
http://www.myspace.com/flyspitta
Por: Fernanda Blammer
Se quantidade quase sempre é um antônimo de qualidade, pelo menos para o rapper norte-americano Shante Scott Franklin, ou simplesmente Curren$y, esta é uma afirmação que se torna inválida. Versando desde o começo dos anos 2000, o rapper de Nova Orleans acumula uma vasta discografia, dividida em mais de seis discos de estúdio e uma coleção de mixtapes que já acumulam dez exemplares. Depois de ter figurado em 2010 com dois registros bem produzidos e carregados de versos chapados, agora Franklin pretende quebrar sua própria marca, entregando em um mesmo ano três registros de estúdio ainda mais inspirados que seus trabalhos anteriores.
Quando as primeiras mixatapes do rapper começaram a sair logo na segunda metade dos anos 2000 – para ser mais exata em 2006 com o lançamento de Life At 30,000 Feet -, o conjunto de versos exaltando de maneira nada ponderada o uso de drogas, sexo e pequenas crônicas de seu cotidiano, a principio custaram a atrair o público ou mesmo a crítica, que só com o conjunto de nada mais e nada menos do que sete mixtapes lançadas em 2008 passaram finalmente a notar o trabalho do rapaz, que teve vários de seus trabalhos circulando pelos principais veículos de comunicação daquele período.
Mesmo com o lançamento de dois excelentes álbuns em 2009 – sim, quantidade é definitivamente o grande foco do trabalho do rapper – foi só ao lançar a dupla Pilot Talk I e II ao longo de 2010, que o trabalho do norte-americano finalmente teria seu merecido reconhecimento. Boa parte dos veículos especializados apresentariam um ou mesmo os dois álbuns em suas listas de melhores do ano, trabalhos que embora destintos permanecem intimamente ligados e trazem figuras distintas do hip-hop americano como Snoop Dog, Big Krit ou mesmo Wiz Khalifa dentro de algumas de suas várias faixas.
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Com produção do californiano The Alchemist, Covert Coup (2011, Jet Life Recordings/Warner Bros), primeiro registro de Curren$y a ser lançado em 2011 hoje parece apenas um rabisco perto do recente Weekend at Burnie’s (2011, Jet Life Recordings/Warner Bros), mais novo e por enquanto o melhor trabalho do rapper lançado durante o ano (ele ainda prepara Muscle Car Chroniclesa para ser lançado no segundo semestre). Mais chapado do que em outros tempos e próximo de uma sonoridade muito mais acessível do que em seus anteriores registros, com o recente álbum o rapper deve se encaminhar para longe do hip-hop alternativo que há tempos o acompanha, rumando para junto de uma temática muito mais comercial.
Ao contrário da dobradinha de discos lançados em 2010, Curren$y parece buscar um caminho mais simplista em seu novo álbum, evitando a construção do mesmo som conceitual que havia produzido em um passado recente e se entregando de vez a algo que possa ser caracterizado como “pop”. Mesmo que os toques do hip-hop retrô que o acompanhavam ativamente em seus anteriores projetos ainda se façam presentes – Televised mostra muito disso, com o rapper chegando próximo de algo experimental em sua obra -, torna-se visível a predominância de fórmulas que delimitem o trabalho em sua totalidade como comercial, aproximando-o daquilo que alguns parceiros como Drake e Wiz Khalifa tem buscado atualmente em seus respectivos projetos.
Entretanto, diferente dos demais (principalmente de Khalifa), Curren$y mantém uma fluência ímpar em seu trabalho, como se mesmo brincando com os sons e os versos de maneira mais convencional ainda mantivesse as mesmas particularidades encontradas em seus registros mais conceituais e que trouxeram a ele merecido destaque. Ouvir Weekend at Burnie’s é como se deparar com uma coletânea de faixas fáceis e que tocariam em qualquer estação de rádio, mas que mesmo assim conseguem distinção e trazem consigo um tipo de identidade que só o bom e velho Shante Scott Franklin e seu vasto material são capazes de produzir.
Weekend at Burnie’s (2011, Jet Life Recordings/Warner Bros)
Nota: 8.0
Para quem gosta de: Wiz Khalifa, Big K.R.I.T e Drake
Ouça: This Is The Life
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.