Pelvs
Indie Rock/Shoegaze/Alternative
http://www.myspace.com/pelvsmusic
Enquanto o Brasil inteiro virava seus olhos para a pulsante cena de Recife no inicio dos anos 90, um grupo de cariocas parecia não se importar nem um pouco em agregar elementos regionalistas a sua sonoridade. Buscando no underground dos anos 80/90 referência para suas composições a Pelvs vivia em um universo particular onde texturas de guitarras distorcidas e overdubs constantes é que ditavam as regras. Porém seria inspirado pelo surf que o grupo lançaria aquela que merecidamente deve ser considerada sua obra-prima: Peninsula (2000).
Formada por Gustavo Seabra, Rafael Genu, Gordinho, Ricardo Mito, Clinio, Andre Saddy e Daniel Develly a Pelvs é um grupo que sempre esteve na contramão mesmo do próprio cenário alternativo. Marcados pelos longos intervalos entre os lançamentos de seus álbuns – Peter Greenaway’s Surf (1993), Members To Sunna (1997), Peninsula (2000) e Anotherspot (2006) – o grupo vai atrás de The Jesus and Mary Chain, My Bloody Valentine e Teenage Funclub, influência mais do que assumida por parte dos membros da banda, para dar vida às composições.
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Com Peninsula (segundo álbum lançado pelo selo Midsummer Madness) o septeto consegue organizar o amplo arsenal de influências derivadas de todas as cabeças pensantes do grupo e traduzi-las dentro de uma formula eficiente, pop e ainda assim distante do que vinha sendo produzido na indústria musical daquele período (pelo menos no Brasil). As canções que integram o terceiro lançamento da banda se dividem claramente em dois grupos bem distintos. O primeiro é composto por faixas mais voláteis, abertas e que denotam certa animação em sua composição. A segunda mostra faixas que se prendem à guitarras shoegaze que compõem a sonoridade do grupo desde seus primeiros lançamentos.
Indubitavelmente o álbum valeria apenas por duas faixas: Even if the sun goes down (I’ll surf) e Freddycar 331. A primeira mostra a nova faceta divertida do grupo, em uma composição repleta de arranjos de metais, vocais em coro, palmas e uma composição marcada pelo visível clima festivo. A faixa transpira elementos como Sol, praia e rostos felizes de frente para o mar expostos em um clima profundamente agradável. Já a segunda canção é o completo oposto. Entra em ação a banda do obscuro Members to Sunna, talhada por guitarras melancólicas, sujas e uma sonoridade voltada para a introspecção. Vê-se aí a profunda dicotomia que marca o álbum e que talvez faça dele um trabalho tão grandioso.
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Entretanto o álbum não pode ser resumido apenas em duas faixas. Todas as 13 canções que compõem o disco são instrumentalmente levadas ao extremo, não há sobras, nada ali flui sem estar coerente com as demais faixas. Tudo em Peninsula soa impecável e bem produzido. Mesmo as mais sujas guitarras vêm polidamente bem encaixadas dentro do álbum.
Com o terceiro trabalho de estúdio os cariocas da Pelvs conseguiram sintetizar suas referências, inspirações e levar a sempre eficiente instrumentação que acompanhou o grupo ao ápice. O álbum não apenas livra o septeto das inconsistentes comparações com outros artistas internacionais, mas dá a eles a possibilidade de criarem um som próprio e que deve sem dúvidas servir de referência para as futuras gerações, um verdadeiro clássico moderno do rock nacional.
Peninsula (2000)
Nota: 10.0
Para quem gosta de: Astromato, Valv e Brincando de Deus
Ouça: Even if the sun goes down (I’ll surf)
Por: Cleber Facchi
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.