Pequenos Clássicos Modernos

/ Por: Cleber Facchi 14/04/2011

Canastra
Brazilian/Rockabilly/Alternative
http://www.myspace.com/canastra

Por: Cleber Facchi

Assim como as camisas floridas de seus integrantes, a big band Canastra é originária de uma profusão de sons policromáticos, que surgem da mescla entre o jazz, rock, country, surf music, rockabilly e swing. A soma desses diversos tipos de música resulta em uma sonoridade quente, permeada por uma linha de baixo colossal e que converge de forma hábil em Traz a Pessoa Amada em Três dias, o trabalho de estreia da banda carioca lançado em 2005.

Encabeçada pelo ex-integrante do Acabou La Tequila, Renato Martins, o Canastra é (assim como boa parte dos grupos cariocas que pipocaram no inicio do século) um grande apanhado de inúmeras vertentes instrumentais, uma espécie de continuação do que era elaborado pela antiga banda de Martins, além de outros grupos locais, como o Mulheres Q Dizem Sim. Entretanto, em meio a toda essa geleia musical há sem dúvidas um gancho que norteia a musicalidade do grupo, nesse caso, o rockabilly.

Contudo, ao invés de darem seguimento a esse sub-gênero do rock um caráter redundante e consequentemente enfadonho, a banda encontrou no bom humor e nos pequenos toques abrasileirados a possibilidade de soarem referenciais e inéditos. Tanto as letras como as melodias despontam a todo o momento um visível grau de otimismo e diversão, o que faz com que nas treze canções do álbum seja praticamente impossível escapar da sonoridade (quase) pop e radiofônica do grupo.

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=tYHFh43RAgo?rol=0]

Tratados sempre com bons toques de ironia, os versos das canções fazem com que o amor, boas maneiras e até mesmo o diabo sejam vistos com outros olhos. Em Eu Te Disse, o vocalista chega apontando os malefícios (ou seriam os benefícios) de um relacionamento, soltando trechos como “Eu te disse/ Eu Te Disse/ Como é perigoso se apaixonar/Mas se quiser não acredite/ Diga que é tolice/ Mas depois não venha para mim chorar/ Dizendo que o amor não vale à pena”.

Embora boa parte das faixas sejam carregadas por uma instrumentação explosiva, construída de maneira proposital para a dança, pequenos momentos de ponderação surgem para dar destaque ao álbum, além de entregar as canções de forma ainda mais apreciativa. Dessa linha surge a comportada e romântica Olhos Pra Mim, a educada Chá com Sorriso, até o desfecho com Vingança, faixa que tem na instrumentação diminuta um contraponto a poesia vingativa e quase assassina expressa nos versos.

Mesmo que Traz a Pessoa Amada em Três dias fosse um álbum bem construído e orientado é nas apresentações ao vivo que o grupo realmente mostrava todo seu potencial, gerando shows catárticos. Dois anos mais tarde a banda voltaria com Chega de Falsas Promessas (2007) uma espécie de continuação desse primeiro disco, uma dobradinha de discos feitos para esquentar ainda mais o rock nacional.

Traz A Pessoa Amada em Três Dias (2005)

Nota: 8.2
Para quem gosta de: Acabou La Tequila, Autoramas e Moveis Coloniais de Acaju
Ouça: Meu Capuccino

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.