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Críticas

Tomberlin

: "At Weddings"

Ano: 2018

Selo: Saddle Creek

Gênero: Indie, Folk, Dream Pop

Para quem gosta de: Grouper e Sharon Van Etten

Ouça: Seventeen, Tornado e Any Other Way

8.0
8.0

Resenha: “At Weddings”, Tomberlin

Ano: 2018

Selo: Saddle Creek

Gênero: Indie, Folk, Dream Pop

Para quem gosta de: Grouper e Sharon Van Etten

Ouça: Seventeen, Tornado e Any Other Way

/ Por: Cleber Facchi 21/08/2018

Existe uma leveza rara no som produzido por Sarah Beth Tomberlin. Imersa em uma nuvem de sons enevoados, a cantora e compositora norte-americana encontra no primeiro trabalho da carreira, At Weddings (2018, Saddle Creek), a passagem para um universo acolhedor e mágico. Canções guiadas em essência pela força dos sentimentos e emoções profundas, cuidado que se reflete em cada fragmento de voz ou arranjo sutilmente detalhado pela artista no decorrer da obra.

Como indicado na inaugural Any Other Way, parte expressiva do álbum se apoia em relacionamentos fracassados, medos e conflitos intimistas da própria cantora. “Estou cansada de fugir / Mas eu virei esta cidade de cabeça para baixo / E eu nunca encontrei outro como você / Deus desligou todas as luzes“, canta de forma contemplativa enquanto violões e melodias etéreas se espalham sem pressa, resultando na formação de um ato essencialmente detalhista.

É dentro dessa lógica minimalista que Beth conduz a experiência do ouvinte até o último instante do álbum. Composições como a delicada Tornado, em que vozes e ruídos eletrônicos parecem dançar em uma medida própria de tempo, lembrando um encontro entre Julianna Barwick e Grouper. De fato, basta uma rápida audição para perceber todas as referências de Tomberlin, mergulhada em ambientações caseiras e inserções minuciosas que, delicadamente, parecem cercar o ouvinte.

Não por acaso, Tomberlin decidiu convidar o veterano Owen Pallett (ex-Final Fantasy) para trabalhar como produtor do disco. Dono de uma extensa discografia guiada pela completa leveza dos arranjos, o músico canadense despe a cantora de todo e qualquer excesso, fazendo de At Weddings uma obra que se revela por inteiro logo em uma primeira audição. Frações poéticas sutilmente detalhadas em uma base acústica, direcionamento que vem sendo explorado pela artista desde o primeiro single do álbum, Self-Help.

Embora capaz de seduzir logo nos minutos iniciais, inegável é a força do trabalho à medida que o ouvinte se perde dentro dele. Exemplo disso está na sensibilidade poética e instrumental de Seventeen. Trata-se de uma faixa montada a partir de pequenos atos, como se a própria voz de Tomberlin se projetasse como um instrumento minucioso. Camadas instrumentais que talvez passem despercebidas em um primeiro momento, forçando o regresso do ouvinte.

Contraponto ao material entregue por Snail Mail, Mitski e demais representantes do indie rock norte-americano nos últimos meses, At Weddings encontra na economia dos elementos o principal componente criativo para o fortalecimento dos arranjos e versos lançados pela cantora. Composições talvez pequenas e contidas em excesso quando próximas de outros trabalhos recentes, porém, imensas na forma como Tomberlin confessa os próprios sentimentos e dialoga com o ouvinte.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.