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Críticas

SZA

: "Ctrl"

Ano: 2017

Selo: Top Dwag / RCA

Gênero: Hip-Hop, R&B, Soul

Para quem gosta de: Rihanna, Tinashe e Solange

Ouça: Drew Barrymore e Love Galore

8.1
8.1

Resenha: “Ctrl”, SZA

Ano: 2017

Selo: Top Dwag / RCA

Gênero: Hip-Hop, R&B, Soul

Para quem gosta de: Rihanna, Tinashe e Solange

Ouça: Drew Barrymore e Love Galore

/ Por: Cleber Facchi 21/06/2017

Mesmo responsável por um rico catálogo de músicas, diferentes EPs, mixtapes e composições assinadas em parceria com nomes como Chance the Rapper (Child’s Play), ScHoolboy Q (His & Her Fiend), Kendrick Lamar (Untitled 04 | 08.14.2014) e Isaiah Rashad (West Savannah), foi somente com o lançamento de Consideration, faixa de abertura do oitavo disco de Rihanna, ANTI (2016), que SZA recebeu a devida atenção do público. Um poderoso indicativo da mistura entre Hip-Hip e R&B que movimenta o primeiro álbum de estúdio da artista, o recém-lançado Ctrl (2017, Top Dwag / RCA).

Produto das inquietações e incontáveis parcerias da cantora nos últimos três anos, o registro de 14 faixas e pouco menos de 50 minutos de duração parece brincar com as possibilidades. Um bom exemplo disso está na faixa de abertura do disco, uma triste narrativa que mostra a protagonista do álbum sendo abandonada pelo parceiro em pleno dia dos namorados. Um exercício melancólico, típico de obras do gênero, mas que cresce nas guitarras e melodias psicodélicas que borbulham ao fundo da composição.

De fato, a relação com o rock, principalmente o neo-soul de D’Angelo, surge como um importante componente para o crescimento e formação da identidade do trabalho. São riffs precisos, acordes hipnóticos e ambientações sedutoras que apontam para obras como Sugar Brown (1995) e Voodoo (2000). Um mergulho na essência musical de SZA, sonoridade que vem sendo desenvolvida desde o lançamento da mixtape S, em 2013. Pinceladas instrumentais que se refletem mesmo nos instantes em que a cantora mais se aproxima do Hip-Hop.

Quarta faixa do disco, Drew Barrymore talvez seja a composição que melhor se aproveita de todos esses elementos e referências acumuladas por SZA. Construída em uma base enevoada, a canção se espalha sem pressa, detalhados acordes envolventes que servem de alicerce para a voz forte da cantora. Nos versos, um misto de rima, versos declamados e canto doce que soa como um improvável encontro entre Solange e Rihanna, esta última, clara referência para grande parte do trabalho. Um cuidado que se reflete no pop rock de Prom ou mesmo na leveza de Broken Clocks.

No time de colaboradores do álbum, apenas parceiros de longa data. Logo na abertura do disco, um encontro com Travis Scott na provocante Love Galore. Durante a construção de Doves In The Wind, uma brecha para as rimas de Kendrick Lamar. Para a curtinha Wavy, uma rápida colaboração com James Fauntleroy. Em Pretty Little Girls, penúltima faixa do disco, um diálogo com o velho colaborador Isaiah Rashdad, responsável pelas rimas que completam o canto de SZA.

Doloroso e romântico na mesma proporção, Ctrl atravessa o soul/rock psicodélico dos anos 1970, mergulha no R&B dos anos 1990 e cresce como uma obra marcada pela completa versatilidade. Uma interpretação particular do mesmo território musical desbravado por Tinashe em Aquarius, de 2014, porém, completo pelo uso atento das rimas e pequenas interferências poéticas que contribuem para o fortalecimento do trabalho. Versos e melodias que flutuam em torno do ouvinte durante toda a execução da obra.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.