Resenha: “I Remember”, AlunaGeorge

/ Por: Cleber Facchi 22/09/2016

Artista: AlunaGeorge
Gênero: Pop, Eletrônica, Dance
Acesse: http://www.alunageorge.com/

 

Batidas quentes, um refrão pegajoso, rimas de Popcaan e o explícito diálogo com a EDM. Lançada em março deste ano, I’m in Control parecia anunciar a mudança de direção assumida pela dupla inglesa AlunaGeorge. Longe do som intimista, flertes com o R&B e texturas eletrônicas de Body Music (2013), Aluna Francis e o parceiro George Reid decidiram ampliar os próprios limites, fazendo do segundo álbum de estúdio, I Remember (2016, Island), a passagem para um novo time de colaboradores.

Produzido em um intervalo de quase dois anos, o registro de 12 faixas nasce como uma fuga declarada do som produzido pela dupla britânica desde o primeiro EP, You Know You Like It, de 2012. Longe do minimalismo incorporado em músicas como Best Be Believing e Kaleidoscope Love, o álbum revela ao público uma coleção de batidas fortes, novos ritmos e até adaptações do mesmo som produzido por gigantes como Major Lazer, Skrillex e Justin Bieber.

Mas será que I Remember é tão diferente assim do material produzido anteriormente pela dupla? Da voz picotada que se transforma na base da faixa-título ao jogo atento das batidas em Full Swing, não há como negar que a essência de Body Music parece preservada. Ainda que em uma primeira audição seja difícil estabelecer uma conexão entre os dois trabalhos, faixa após faixa, Francis, Reid e o time de convidados do disco se concentram em ampliar de forma comercial o som produzido há três anos.

Distante dos holofotes, fotos de divulgação e até das apresentações ao vivo da dupla, Reid se concentra apenas na produção do material em estúdio. Ponto central da obra, é justamente o produtor que acaba evitando um possível desequilíbrio do disco. Mesmo cercado de novos colaboradores – como Flume e Zhu –, Raid em nenhum momento permite que o álbum fuja do controle, detalhando texturas eletrônicas e batidas que sustentam o disco até a derradeira Wanderlust.

Livre do romantismo amargo e versos sussurrados de Body Music, Francis assume o real papel de protagonista do disco. Capaz de rivalizar com o trabalho de artistas como MØ, Charli XCX, Banks e outras representantes do pop “alternativo”, a cantora parece crescer a cada nova faixa do álbum. Vozes rápidas em Mean What I Mean, sentimentos expostos em Mediator, o brilho pop de I’m In Control, difícil não ser seduzido pela força da artista a cada novo fragmento do trabalho.

Ponto de partida para uma nova fase na carreira da dupla, I Remember está longe de ser encarado como um registro seguro. Entre pequenos tropeços, caso das instáveis Not Above Love e My Blood, músicas em que Reid dá lugar a outros produtores, o trabalho cresce como um curioso experimento. Da abertura ao fechamento do disco, um novo catálogo de regras, influências e fórmulas instrumentais que acabam aproximando o som produzido pela dupla britânica de uma parcela ainda maior do público.

 

I Remember (2016, Island)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Disclosure, Major Lazer e MØ
Ouça: I’m In Control, I Remember e Full Swing

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.