Resenha: “Opala”, Opala

/ Por: Cleber Facchi 02/08/2016

Artista: Opala
Gênero: Synthpop, Electronic, Indie Pop
Acesse: https://www.facebook.com/opalaproject/

 

É difícil encarar o som produzido por Maria Luiza Jobim e Lucas de Paiva como parte da presente cena carioca. Mesmo próximos de coletivos como Mahmundi, Séculos Apaixonados e Baleia — artistas em que a dupla esteve envolvida nos últimos anos —, está no diálogo com diferentes nomes do panorama estrangeiro — principalmente projetos do cenário nova-iorquino e canadense — a base de cada uma das composições que delicadamente crescem dentro do primeiro álbum de estúdio do Opala.

Entregue ao público três anos após o lançamento do primeiro EP de inéditas da dupla, o registro que conta com distribuição pelo selo RockIt! de Dado Villa-Lobos, flutua em meio a sintetizadores nostálgicos, batidas contidas e versos agridoces, sempre intimistas. Sussurros românticos e confissões que tanto detalham cenas e acontecimentos sufocados pela melancolia de uma mesma personagem, como indicam a passagem para um universo de exaltações românticas e sorrisos tímidos.

Naturalmente íntimo do material apresentado em 2013, o presente álbum assume um novo caminho ao explorar versos cada vez mais acessíveis e bases melódicas que cobrem grande parte do trabalho. Longe do propositado recolhimento que parecia orientar músicas como Two Moons e Shibuya, Jobim e Paiva se concentram na produção de um som essencialmente pop e nostálgico. Faixas que abraçam a música dos anos 1980, porém, mantém firme a relação com uma série de projetos recentes.

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Terceira faixa do disco, The Noise talvez seja a melhor representação de toda essa pluralidade de temas e resgates instrumentais que acabam movimentando o álbum. Ao mesmo tempo em que incorpora elementos típicos da música produzida há três décadas, difícil passear pela canção e não lembrar de uma variedade de artistas atuais. Nomes como a dupla nova-iorquina Chairlift, os suecos do Niki & the Dove e até coletivos como Mr. Twin Sister e os canadenses do TOPS.

Assim como o trabalho apresentado há três anos, o novo álbum encanta pela forte similaridade entre as canções. Da abertura ao fechamento do disco, cada composição parece servir de ponte para a faixa seguinte, fazendo do registro um tratado de pura coerência. Sagittarius A abre espaço para a chegada de Love Song Nº 6, The Noise arquiteta a temática dançante de You Used To Be Fun, enquanto a delicada Broken, quinta faixa do disco, indica o som enevoado que segue até o último suspiro da obra.

Composição escolhida para o fechamento do trabalho, Maracajaiaçu acaba se revelando como a peça mais “estranha” e curiosamente encantadora do álbum. Dos versos cantados em português – praticamente um mantra –, passando pelo instrumental psicodélico e repleto de ambientações tortas, a canção de apenas dois minutos parece indicar a busca da dupla por um novo mundo de possibilidades, como um respiro leve e naturalmente renovado passada o turbilhão de temas nostálgicos que ocupam todo o interior do disco.

 

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Opala (2016, Rockit!)

Nota: 8.4
Para quem gosta de: Mahmundi, Silva e Chairlift
Ouça: The Noise, Broken e Maracajaiaçu

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.