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Críticas

Charli XCX

: "Pop 2"

Ano: 2017

Selo: Asylum

Gênero: Pop, Eletrônica, Dance

Para quem gosta de: Carly Rae Jepsen, MØ e Chairlift

Ouça: Out of My Head, I Got It e Backseat

7.6
7.6

Resenha: “Pop 2”, Charli XCX

Ano: 2017

Selo: Asylum

Gênero: Pop, Eletrônica, Dance

Para quem gosta de: Carly Rae Jepsen, MØ e Chairlift

Ouça: Out of My Head, I Got It e Backseat

/ Por: Cleber Facchi 18/12/2017

Em um ritmo frenético, mesmo para os padrões da indústria, Charli XCX passou o último ano se revezando em uma infinidade de projetos. Do lançamento do selo/EP Vroom Vroom (2016), parceria com diferentes nomes do coletivo PC Music, passando pela turnê ao lado de cantoras consagradas como Sia, até alcançar a produção da mixtape Number 1 Angel (2017), e, consequente amadurecimento em Boys, uma das melhores composições da cantora até aqui, sobram trabalhos capazes de mostrar versatilidade e força da artista britânica como uma das mais influentes da música pop recente.

Misto de fechamento e continuação de toda a sequência de obras produzidas nos últimos meses, Pop 2 (2017, Asylum) mostra que a artista inglesa segue tão inventiva quanto em início da carreira. Pouco mais de 40 minutos em que XCX aparece cercada por um time seleto de colaboradores, dialogando com diferentes tonalidades da música pop, eletrônica e Hip-Hop de forma sempre particular, anárquica. Um curioso experimento melódico, como uma continuação do material testado na mixtape Super Ultra, de 2012, e, principalmente, no debute True Romance, de 2013.

Assim como o material apresentado há poucos meses em Number 1 Angel, XCX serve como um precioso elemento de conexão entre representantes vindos de diferentes campos da música. São nomes como a canadense Carly Rae Jepsen, parceira no pop melancólico da inaugural Backseat; em Porsche, nona faixa do disco, um novo e radiante encontro com a velha colaboradora MØ; experimental, Tears, parceria com Caroline Polacheck (ex-Chairlift) mostra a busca da cantora inglesa por um material tão acessível quanto musicalmente complexo, flertando com o R&B em uma atmosfera futurística.

Mesmo dentro desse colorido cercado criativo que ainda conta com nomes como a rapper Mykki Blanco (Femmebot), Tommy Cash (Delicious) e a dupla formada por Kim Petras e Jay Park (Unlock It), Pop 2 encanta justamente nos instantes em que mais se aproxima de um som convencional e acessível ao grande público. É o caso da pegajosa Out of My Head, parceria com as cantoras Alma e Tove Lo, além, claro, de Got It, encontro com Brooke Candy e Cupcakke, mas que cresce na breve passagem do brasileiro Pabllo Vittar – “Controlo qualquer um com a minha bruxaria / Minha bunda é mais forte que feitiçaria / Encanta, magia, atiça, vicia“.

Nas duas canções em que aparece sozinha, a busca declarada por um som menos acessível, ainda que musicalmente interessante. Exemplo disso está no pop etéreo de Lucky, composição utiliza da voz maquiada pelo auto-tune como um elemento complementar, ocupando todas as lacunas e possíveis brechas da canção. Na instável Track 10, composição de encerramento do disco, uma colagem de temas eletrônicos, lembrando o trabalho da cantora nas últimas composições de True Romance.

Parceiro de XCX durante toda a execução do trabalho, A. G. Cook – junto de Danny L Harle, um dos responsáveis pelo selo PC Music –, é quem garante homogeneidade e evidente conexão aos temas instrumentais/bases eletrônicas do registro. Uma clara desconstrução do pop tradicional, mas que em nenhum momento soa incessível ao grande público. Composições que passeiam por diferentes gêneros, fórmulas e possibilidades de forma sempre criativa, transportando cantora e público para um cenário marcado pela incerteza e permanente transformação.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.