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Críticas

Joey Purp

: "Quarterthing"

Ano: 2018

Selo: Independente

Gênero: Hip-Hop, Rap

Para quem gosta de: Chance The Rapper e Vince Staples

Ouça: 24k Gold/Sanctified, Hallelujah e 2012

8.0
8.0

Resenha: “Quarterthing”, Joey Purp

Ano: 2018

Selo: Independente

Gênero: Hip-Hop, Rap

Para quem gosta de: Chance The Rapper e Vince Staples

Ouça: 24k Gold/Sanctified, Hallelujah e 2012

/ Por: Cleber Facchi 18/09/2018

Mais conhecido pelo trabalho como colaborador de Chance The Rapper, há dois anos, Joey Purp conquistou a atenção do público com o lançamento da mixtape iiiDrops (2016). Evidente ponto de maturação para o artista de Chicago, Illinois, o registro que trouxe músicas como Girls @ e Morning Sex ganha agora uma continuação com o bem-sucedido Quarterthing (2018, Independente), álbum em que Purp amplia criativamente os limites da própria obra, provando de novas estruturas melódicas e poéticas dentro de estúdio.

Concebido em parceria com Nico Segal (Donnie Trumpet & The Social Experiment), Nate Fox, Peter Wilkins, DJ Taye & Knox Fortune, além, claro, de outros representantes da cena de Chicago, Quarterthing preserva parte da mesma estrutura melódica detalhada pelo artista no trabalho anterior, porém, se permitindo provar de novas variações e ritmos. São entalhes eletrônicos, samples e colagens instrumentais que se conectam às rimas lançadas por Purp.

Exemplo disso está na crescente Elastic, quarta faixa do disco. Da batida seca e cíclica, passando pela inserção de vozes sampleadas e sintetizadores pontuais, cada elemento da canção parece pensado de forma a completar os versos de Purp. Um som robótico, preciso, conceito que muito se assemelha ao trabalho de Vince Staples no ótimo Big Fish Teory (2017). O mesmo refinamento se reflete na faixa seguinte, Aw shit!, música que parece dialogar com a produção inglesa, lembrando o grime de nomes como Dizzee Rascal e Stormzy.

De fato, tão importante quanto as rimas que recheiam o trabalho é a base montada para Quarterthing. São composições essencialmente detalhistas, concebidas a partir de fragmentos instrumentais que vão do R&B ao trap. Perfeita representação desse resultado está na minimalista 2012. Enquanto os versos da canção olham para um passado ainda recente de Purp, mergulhando em temas autobiográficos, melodias doces e movimentos sutis crescem ao fundo da canção.

O mais interessante talvez seja perceber como Purp utiliza dos próprios colaboradores como ferramentas complementares para o natural crescimento do trabalho. Da voz doce de Ravyn Lenae, em 24k Gold/Sanctified (“Se eu andar em seus passos / Então eu posso ver claramente / Enquanto você estiver perto / Não terei nada a temer“), à rima breve de Queen Kay, em Fessional/Diamonds Dancing, pinceladas instrumentais e poéticas garantem novo direcionamento ao registro.

Extensão segura do material entregue pelo rapper em iiiDrop, Quarterthing mostra a capacidade de Purp em se transformar e crescer (ainda mais) dentro de estúdio. Composições grandiosas (24k Gold/Sanctified, Hallelujah) ou mesmo atos contidos (2012) em que o rapper, protagonista da própria obra, transforma conflitos internos e pequenas desilusões no principal componente criativo para a formação dos versos. Uma coleção de pequenos acertos que, mais uma vez, fazerm de Purp um dos personagens mais interessantes da presente cena de Chicago.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.