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Críticas

Floating Points

: "Reflections – Mojave Desert"

Ano: 2017

Selo: Luaka Bop / Pluto

Gênero: Eletrônica, Experimental

Para quem gosta de: Mark Pritchard e Four Tet

Ouça: Silurian Blue e Kelso Dunes

7.5
7.5

Resenha: “Reflections – Mojave Desert”, Floating Points

Ano: 2017

Selo: Luaka Bop / Pluto

Gênero: Eletrônica, Experimental

Para quem gosta de: Mark Pritchard e Four Tet

Ouça: Silurian Blue e Kelso Dunes

/ Por: Cleber Facchi 27/07/2017

Com o lançamento de Elaenia (2015), Sam Shepherd conseguiu aproximar o experimentalismo eletrônico que marca os primeiros registros em estúdio de um novo universo de ambientações jazzísticas e temas atmosféricos. O resultado desse trabalho está na produção de sete faixas marcadas pela completa versatilidade do produtor britânico, cuidado que se repete nas composições de EP Kuiper (2016), registro entregue ao público poucos em meados do último ano.

Em Reflections – Mojave Desert (2017, Luaka Bop / Pluto), trabalho gravado ao vivo durante uma apresentação do Floating Points no meio do deserto californiano, Shepherd continua a explorar o mesmo território criativo. São pouco menos de 30 minutos de duração em que o músico inglês e um time seleto de colaboradores brinca com a produção de texturas minimalistas, colagens jazzísticas e sobreposições etéreas que encantam pelo completo detalhismo dos arranjos.

Pensado para além das imagens captadas pela diretora Anna Diaz Ortuño, o registro de cinco faixas carrega na lenta manipulação dos elementos o estímulo necessário para seduzir o ouvinte. Prova disso está na faixa de abertura do disco, a climática Mojave Desert. Captações atmosféricas e ruídos do próprio deserto que se transformam em música nas mãos de Shepherd, passagem direta para o território desbravado na faixa seguinte do disco, a extensa Silurian Blue.

Com pouco mais de sete minutos de duração, a canção de encaixes certeiros parece mergulhar em um oceano de melodias psicodélicas e pequenas experimentações climáticas, como se Shepherd fosse do rock da década de 1970 diretamente para o pós-rock produzido no início dos anos 1990. Uma fina tapeçaria instrumental que se espalha sem pressa, como se o músico e os parceiros de banda lentamente ocupassem todas as brechas da canção.

Na dobradinha formada por Kites e Kelso Dunes, a passagem para o lado eletrônico e experimental da obra. Instantes em que sintetizadores minimalistas se abrem para a lenta inserção de batidas, guitarras e distorções crescentes. Uma clara sensação de que o material anteriormente explorado por Shepherd em Silhouettes (I, II & III), principal faixa de Elaenia, acaba de ser expandido, como se o produtor britânico testasse os próprios limites.

Passagem direta para os minutos iniciais do disco, a derradeira Lucerne Valley desacelera em relação ao segundo ato do registro, convidando o ouvinte a provar de um som onírico, por vezes mágico. Pinceladas eletrônicas e ambientações etéreas, transformação que reforça ainda mais o cuidado de Shepherd na composição dos arranjos. Um convite a se perder em meio ao universo particular criado pelo Floating Points.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.