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Ano: 2018

Selo: Stones Throw

Gênero: Soul, Experimental

Para quem gosta de: Ibeyi e Xenia Rubinos

Ouça: Nont For Sale e Escape

7.5
7.5

Resenha: “Sink”, Sudan Archives

Ano: 2018

Selo: Stones Throw

Gênero: Soul, Experimental

Para quem gosta de: Ibeyi e Xenia Rubinos

Ouça: Nont For Sale e Escape

/ Por: Cleber Facchi 05/06/2018

Poucos meses se passaram desde que Brittney Denise Park deu vida ao primeiro trabalho como Sudan Archives. Entretanto, o curto período de tempo parece incompatível com o contínuo processo de evolução da artista, maior a cada novo registro autoral, vide o claro refinamento estético adotado durante o lançamento do single Water, ainda em 2017, e, principalmente, nas canções do recém-lançado Sink (2018, Stones Throw), segundo EP de inéditas da cantora, compositora e violinista norte-americana.

Musicalmente acessível quando próximo do material entregue no último ano, o registro de seis faixas preserva a essência e rico histórico da artista, porém, se permite provar de novas possibilidades e ritmos de forma curiosa. Descendente de sudaneses, Park faz do trabalho um permanente desvendar da sonoridade e cultura da Costa Oeste da África, base para o alicerce melódico que agora se conecta a elementos do Hip-Hop, soul e R&B estadunidense.

Segunda faixa do disco, Nont For Sale talvez seja a melhor representação desse novo posicionamento criativo de Sudan Archives. “Essa minha luz, não bloqueie o Sol / Este é o meu lugar, você não pode dizer / Este é meu tempo, não desperdice / Esta é minha terra, não está à venda“, canta enquanto arranjos de cordas e inserções minimalistas se conectam diretamente às batidas, lembrando uma versão pop, ainda que tribal, do mesmo som proposto pela extinta dupla THEESatisfaction.

Interessante notar que mesmo em faixas “menores”, como Beautiful Mistake, Sudan Archives mantém firme o vívido esmero na composição dos arranjos e versos. São inserções minuciosas que partem sempre de uma mesma base instrumental, reforçando o aspecto homogêneo que orienta o trabalho. Da construção das batidas, sempre ruidosas e inexatas, ao dedilhado e uso atento da voz, perceba como cada elemento do EP se revela ao público de forma hipnótica, como um indicativo da maturidade de Park.

Faixa de encerramento do trabalho, Escape é outra composição reforça esse claro amadurecimento criativo e busca por novas possibilidades da artista. Inaugurada em meio a arranjos e temas acústicos que dialogam com a música sudanesa, a canção lentamente se abre para a inserção de batidas fortes e distorcidas, conceito reforçado logo na atmosférica faixa de abertura do disco, como um diálogo de Park com a obra de Ibeyi, Solange e outros nomes de destaque da música negra.

De fato, parte expressiva do álbum busca reforço em temas como empoderamento de mulheres negras, apropriação cultural, feminismo e preservação da identidade africana, referências anteriormente testadas pela cantora durante o lançamento do primeiro EP como Sudan Archives, porém, trabalhadas de forma acessível dentro do presente registro. Composições que se projetam como um reflexo da alma, conflitos e sentimentos que invadem o cotidiano de Park.

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.