Image
Crítica

Alberto Continentino

: "Cabeça a Mil e o Corpo Lento"

Ano: 2025

Selo: Risco

Gênero: MPB, Funk, Rock

Para quem gosta de: Ana Frango Elétrico e Kassin

Ouça: O Ovo do Sol, Milk Way e Manjar de Luz

8.0
8.0

Alberto Continentino: “Cabeça a Mil e o Corpo Lento”

Ano: 2025

Selo: Risco

Gênero: MPB, Funk, Rock

Para quem gosta de: Ana Frango Elétrico e Kassin

Ouça: O Ovo do Sol, Milk Way e Manjar de Luz

/ Por: Cleber Facchi 10/07/2025

Ana Frango Elétrico, Maria Luiza Jobim, Moreno Veloso, Dora Morelenbaum, Nicolas Geraldi, Qinhones, Zé Ibarra e Antônio Neves são apenas alguns dos artistas com quem Alberto Continentino esteve diretamente envolvido nos últimos anos. Figura onipresente da cena carioca, o músico prova que, mesmo convidado a colaborar em diferentes projetos, tem sempre um tempo de sobra para se dedicar aos próprios trabalhos.

E isso fica bastante evidente no esmero aplicado em Cabeça a Mil e o Corpo Lento (2025, Risco). Terceiro e mais recente álbum de inéditas do multi-instrumentista, cantor, compositor e produtor carioca em carreira solo, o registro é tanto uma manifestação da grandeza e maturidade de Continentino em estúdio, como uma extensão natural de tudo aquilo que o artista tem incorporado nas colaborações em que esteve envolvido.

Mesmo que musicalmente o trabalho não apresente nada de tão transgressor, revisitando a MPB, o funk e o rock produzido entre os anos 1970 e 1980, o capricho de Continentino na execução de cada nova canção torna o álbum inescapável. São pinceladas instrumentais, harmonias de vozes e elementos percussivos que surgem e desaparecem a todo instante, revelando o capricho do instrumentista na montagem do material.

Partindo dessa abordagem, Continentino potencializa a maciez das vozes femininas que o cercam durante toda a execução do trabalho. São nomes como Nina Becker, com quem divide a francesa Vieux Souvernirs, além das já citadas Ana Frango Elétrico e Dora Morelenbaum, em Coral e Manjar de Luz, respectivamente. Uma doce combinação de sensações, melodias e versos que parecem pensados para confortar o ouvinte.

Entretanto, é quando se entrega ao ritmo que Continentino realmente convence. Canções como Milk Way, com Letícia Pedroza, e Go Get Your Fix, junto de Gabriela Riley, que escancaram a versatilidade e força criativa do artista em estúdio. Mesmo quando assume integralmente os vocais, como em Cerne e A Palavra Rio, o músico em nenhum momento baixa o nível da obra, que segue em grande estilo até os minutos finais.

O resultado desse processo é um disco que, mesmo longe de provocar rupturas, encanta pela atenção aos detalhes e pela maneira como cada composição se conecta à anterior. Em Cabeça a Mil e o Corpo Lento, o artista transforma familiaridade em virtude e garante ao público um trabalho coeso, elegante e atemporal, reafirmando seu lugar como um dos pilares mais discretos — e essenciais — da música brasileira recente.

Ouça também:

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.