Ano: 2025
Selo: DeckDisc
Gênero: Pop
Para quem gosta de: Viviane Batidão e Zaynara
Ouça: Te Amo Fudido, Foguinho e Eu Tô Solteira
Ano: 2025
Selo: DeckDisc
Gênero: Pop
Para quem gosta de: Viviane Batidão e Zaynara
Ouça: Te Amo Fudido, Foguinho e Eu Tô Solteira
Por mais bem executados que sejam os primeiros discos de Gaby Amarantos, especialmente o introdutório Treme (2012), a cantora e compositora paraense sempre se mostrou incapaz de transportar para dentro de estúdio a mesma energia explícita em suas apresentações ao vivo. Os temas, ritmos e referências à cultura nortista estavam lá, porém contidos, como se adaptados ao pop comercial produzido no restante do Brasil.
Satisfatório perceber em Rock Doido (2025), mais recente trabalho da cantora paraense, uma obra que não apenas escancara a potência criativa de Amarantos, como ainda celebra e incorpora a fluidez das festas de aparelhagem. São 22 canções, todas bastante curtas, que se entrelaçam com dinamismo, domínio técnico e evidente bom humor, efeito direto da produção caprichada da própria artista em parceria com MGZD, trio formado pelos músicos Baka, Dedé Santaklaus e Cido, colaboradores durante toda a execução do material.
Partindo dessa abordagem, Amarantos garante ao público uma obra que simplesmente impede o ouvinte de respirar. É como se cada nova faixa encaixasse na canção seguinte, como uma interpretação ainda mais urgente e musicalmente complexa daquilo que a cantora havia testado em TecnoShow (2022), trabalho em que decidiu resgatar parte do repertório montado com a banda que a apresentou no início dos anos 2000.
Nesse sentido, Rock Doido funciona tanto em uma camada mais superficial, revelando faixas inescapáveis como Arrume-se Comigo, Eu Tô Solteira e Short Beira Cu, como nas inúmeras referências, samples e acenos para a cultura paraense espalhados por todo o disco. A própria Foguinho, cômica adaptação de Somebody That I Used to Know, do músico belga Gotye, que foi processado por utilizar a obra do brasileiro Luiz Bonfá, funciona como uma homenagem consciente às releituras produzidas no brega do Norte e Nordeste do país.
Mesmo quando estreita laços com diferentes convidados, Amarantos mantém firme a consistência da obra. Em Tumbalataum, reinterpretação da cantiga infantil Tumbalacatumba, são os contemporâneos da Gang do Eletro que dão as caras. Já na sertaneja Não Vou Chorar, é Lauana Prado que completa a canção. Nada que prepare o ouvinte para Te Amo Fudido, parceria com Viviane Batidão que sintetiza a força do álbum.
Potencializado por um filme em plano sequência dirigido por Guilherme Takshy, Naré e a própria artista, Rock Doido é o triunfo artístico de uma cantora que já contabiliza duas décadas de atuação e uma das mais belas homenagens recentes à música paraense. Mesmo pontuado por pequenos excessos e canções menos expressivas que invadem a segunda metade do trabalho, como Cerveja Voadora, a curta duração das faixas torna os tropeços quase imperceptíveis, preservando o brilho pop do álbum e a excelência de Amarantos.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.