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Crítica

Big Thief

: "Double Infinity"

Ano: 2025

Selo: 4AD

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Adrianne Lenker e Angel Olsen

Ouça: Los Angeles, Incomprehensible e Grandmother

7.8
7.8

Big Thief: “Double Infinity”

Ano: 2025

Selo: 4AD

Gênero: Rock

Para quem gosta de: Adrianne Lenker e Angel Olsen

Ouça: Los Angeles, Incomprehensible e Grandmother

/ Por: Cleber Facchi 17/09/2025

Concebido durante um período de instabilidade, nos meses que sucederam a saída de Max Oleartchik, baixista da banda, Double Infinity (2025, 4AD) marca o início de uma nova fase na carreira do Big Thief. Acompanhado pelo produtor Dom Monks (Laura Marling, Porridge Radio), o trio formado por Adrianne Lenker, Buck Meek e James Krivchenia mergulhou em uma série de improvisos com diferentes músicos.

O resultado desse processo está na entrega de um trabalho exploratório, mas que preserva a essência do grupo nova-iorquino. São composições que partem de uma abordagem atmosférica, por vezes meditativa, como um lento desvendar de ideias e sensações que ainda se completa pela poesia descritiva de Lenker, conceito incorporado logo na introdutória Incomprehensible, com suas ambientações e versos existenciais.

É como se a banda seguisse de onde parou há seis anos, em U.F.O.F. (2019),direcionamento que se reflete não somente no acabamento acústico da obra, mas na atmosfera acolhedora criada pelo trio. As guitarras antes truculentas de Two Hands (2019) e Dragon New Warm Mountain I Believe in You (2022), agora dão lugar a violões paisagísticos, entalhes percussivos e vozes dotadas de uma fluidez e entrega comoventes.

Nada que prejudique a formação de músicas crescentes e grandiosas. É o caso de Los Angeles. Inaugurada em meio a risos, a faixa aos poucos se transforma, destacando o uso das guitarras e versos que narram um reencontro afetivo marcado por lembranças fragmentadas e saudade. O próprio encontro com Laraaji, em Grandmother, encanta pelo caráter expansivo da composição e força das vozes em seus momentos finais.

Embora consistente na maior parte do tempo, efeito do repertório enxuto, Double Infinity amarga algumas composições menos interessantes. É o caso de No Fear, faixa que se arrasta de forma pouco expressiva em um intervalo de quase sete minutos. Já em Happy With You, o ritmo do trabalho acelera e a banda leva o material para outras direções, mas a letra excessivamente minimalista dificulta a conexão com o ouvinte.

Ainda assim, prevalece a sensação de que Double Infinity encontra no recolhimento sua maior virtude. Ao priorizar texturas contemplativas e um senso de permanência, o trio evita cair no etéreo difuso e sustenta composições de equilíbrio raro, como All Night All Day e Words. Essa postura mais introspectiva, porém tangível, confirma a maturidade do Big Thief em ressignificar a própria linguagem sem abdicar da clareza emocional, tornando o álbum menos sobre rupturas e mais sobre permanecer em constante movimento.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.