Ano: 2025
Selo: Risco
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Alberto Continentino e Vovô Bebê
Ouça: Monstro e Quanto + Idiota Melhor
Ano: 2025
Selo: Risco
Gênero: Rock
Para quem gosta de: Alberto Continentino e Vovô Bebê
Ouça: Monstro e Quanto + Idiota Melhor
Jonas Sá é um monstro, e daqueles famintos. Ávido devorador da música pop, o compositor carioca digere e regurgita parte desses elementos absorvidos em mais de duas décadas de carreira no conciso repertório de MNSTR (2025, Risco). Com dez composições, o trabalho não apenas põe fim ao hiato de sete anos desde o último álbum de estúdio do cantor, como detalha um artista cada vez mais consciente da própria criação.
Sequência ao material entregue em Puber (2018), o álbum produzido pelo próprio artista em parceria com Ricardo Dias Gomes confessa algumas das principais inspirações de Sá. São faixas que passeiam pelo rock norte-americano, esbarram no som funkeado de Prince e até flertam com o blues, o folk, a música latina e o gospel, porém, dentro da lógica torta do idealizador de discos como Anormal (2007) e Blam! Blam! (2015).
Não se trata de algo exatamente novo para quem há tempos acompanha a obra de Sá, veja as estruturas de guitarras e temáticas que se aprofundam em personagens ambíguos, mas é praticamente impossível não ceder aos encantos do músico carioca. O próprio capricho técnico, como na canção que dá nome ao disco, torna a experiência de ouvir o trabalho fascinante, conceito que se reflete até a derradeira De Sentir Você.
Ainda que a poesia do trabalho pareça bastante hermética, dificultando o acesso do ouvinte e jogando com elementos particulares de artista, como na introdutória Deus, há sempre um componente lírico que instiga e conduz em direção à faixa seguinte. Da discussão sobre identidade e gênero, na gospel Musa, passando pelo misto de desejo e frustração que invade Tua Cara, Sá e seus companheiros nunca jogam com o óbvio.
Entretanto, é justamente quando se articula de maneira direta, e muitas vezes provocativa, que Sá garante ao público algumas das melhores composições do disco. Exemplo disso fica bastante evidente em Quanto + Idiota Melhor, deboche político sobre o (des)governo de Jair Bolsonaro, que ainda se completa pelo refrão altamente pegajoso. “Tira a Damares do armário / Dama ê / Tira o Carluxo do armário / Nazi ê”, canta. O mesmo acontece na faixa seguinte, Veja Você, essa ainda mais ampla, repleta de outros objetos temáticos.
Essa condição de obra em constante construção, ainda que fragmentada, funciona como parte do charme do material, revelando um artista que, mais uma vez, prefere o risco ao conforto da repetição. Em MNSTR, Sá reafirma a própria habilidade em tensionar diferentes estilos, temas e formas instrumentais, mas sem alcançar uma síntese definitiva. Um pop monstruoso, sempre esquisitíssimo e naturalmente inescapável.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.