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Crítica

CESRV

: "Highlife"

Ano: 2025

Selo: Beatwise Recordings

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: MU540 e Wavezim

Ouça: Ride Wida Playa, GetDown2 e Keep Werkin'

8.2
8.2

CESRV: “Highlife”

Ano: 2025

Selo: Beatwise Recordings

Gênero: Eletrônica

Para quem gosta de: MU540 e Wavezim

Ouça: Ride Wida Playa, GetDown2 e Keep Werkin'

/ Por: Cleber Facchi 26/09/2025

Mesmo atuando na produção de obras lançadas por nomes como Febem, SD9 e Fleezus, CESRV não é um artista de bastidores. E isso fica bastante evidente em cada uma das canções de Highlife (2025, Beatwise Recordings). Primeiro trabalho do produtor em carreira solo desde South (2017),lançado há oito anos, o registro de dez faixas destaca a versatilidade e potência do paulistano em seus experimentos particulares.

Inaugurado por Mfkin’Style, o registro diz a que veio logo nos momentos iniciais. São pouco mais de quatro minutos em que CESRV aponta para a cena inglesa e confessa algumas de suas principais referências, mas em nenhum momento perde a própria identidade. São batidas e fragmentos de vozes que se articulam em movimentos rápidos, direcionamento que ganha ainda mais destaque e firmeza na posterior GetDown2.

Com o ouvinte ambientado ao registro, CESRV começa a brincar com a fragmentação do próprio universo, como na arquitetura minimalista de Trigga, canção em que soa como um Burial menos atmosférico e mais ritmado. Essa mesma abordagem acaba se refletindo na música seguinte, Watch Out, faixa que convence nos minutos iniciais, porém perde fôlego aos poucos, efeito do acabamento cíclico, frio e pouco inventivo.

Nada que Beco, vinda logo em sequência, não dê conta de solucionar. Pontuada por elementos de funk, a faixa segue a trilha de nomes como MU540 e Idlibra, mas sempre dentro da lógica matemática de CESRV e seus acenos para a cena inglesa, como a curva breve pelo drum and bass. Vem justamente desse delirante cruzamento de estilos o estímulo para Kick It, composição que não apenas arrasta o ouvinte para as pistas, como abre passagem para a segunda metade do trabalho, ainda mais frenético, dinâmico e imprevisível.

Exemplo disso fica escancarado em Deejay, composição que destaca a firmeza das batidas e bases de funk que tornam o material inescapável. Partindo dessa abordagem mais acessível, CESRV ainda mergulha na inesperada Keep Werkin’. Altamente hipnótica, quente e pronta para as pistas, a faixa chama a atenção do ouvinte pela forma como o produtor desconstrói o clássico Gypsy Woman (La Da Dee), de Crystal Waters.

Passado esse momento de maior euforia, Friendly Reminder tenta manter o ritmo, porém volta a destacar o lado exploratório do paulistano. Uma ruptura talvez anticlimática, mas não menos interessante e que ainda prepara o terreno para Ride Wida Playa. Escolhida para o encerramento o disco, a canção reforça a fluidez do material ao mesmo tempo em que aproxima CESRV do juke/footwork. Um insano cruzamento de estilos que não apenas pontua o trabalho com acerto, como evidencia a imprevisibilidade que move o produtor.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.