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Crítica

Viridiana

: "Coisas Frágeis"

Ano: 2025

Selo: Independente

Gênero: Pop, Synthpop

Para quem gosta de: Letrux e Jaloo

Ouça: Final Feliz, Estrela Cadente e Coisas Frágeis

7.5
7.5

Viridiana: “Coisas Frágeis”

Ano: 2025

Selo: Independente

Gênero: Pop, Synthpop

Para quem gosta de: Letrux e Jaloo

Ouça: Final Feliz, Estrela Cadente e Coisas Frágeis

/ Por: Cleber Facchi 23/10/2025

Inspirada pela história de Eros e Psiquê, a imagem de capa de Coisas Frágeis (2025, Independente) torna explícito aquilo que Viridiana traduz nos versos: essa é uma obra regida pelos sentimentos. Sequência ao material entregue em Transfusão (2021),o trabalho de dez canções destaca o lado emocional da cantora, compositora e produtora gaúcha, entretanto, preserva a vivacidade pop e a intensa relação com as pistas.

Com produção assinada pela própria artista em parceria com André Garbini, Bernard Simon e Ricardo de Carli, os “ViridiBoys”, Coisas Frágeis diz a que veio logo na introdutória Risco. São pouco mais de quatro minutos em que a musicista gaúcha utiliza uma poesia descritiva para ambientar o ouvinte, estrutura que se completa pelo uso de sintetizadores que atravessam os anos 1980 e 1990 para dialogar com o presente.

Não se trata de algo novo e a própria artista faz questão de acenar musicalmente para nomes como Marina Lima e New Order ao longo do registro, entretanto, tudo é tratado com tamanha vulnerabilidade emocional que é impossível não ceder aos encantos da cantora. Da explosão sentimental em Navalha ao reducionismo de Estrela Cadente, com ares de música perdida dos Pet Shop Boys, tudo evidencia a entrega de Viridiana.

Claro que isso não interfere na entrega de canções marcadas pelo bom humor da artista. Difícil passar por faixas como Remember, com Clarice Falcão, e não rir de versos como “Dos anais da história / Até os orais do presente”. Essa mesma atmosfera debochada fica ainda mais evidente em Final Feliz, parceria com Catto e Navalha Carrera que brinca com a ambiguidade dos versos e a atmosfera típica do rock dos anos 1980.

Mesmo assim, prevalece nos momentos de maior melancolia a real beleza do trabalho. Exemplo disso fica mais do que evidente na própria faixa-título do registro. Inaugurada em meio a batidas reducionistas que evocam o trabalho de Björk em Vespertine (2001), a canção escancara a capacidade da artista em comover pela força dos versos. “Não posso acreditar / Que foi tão fácil descuidar / Tão fácil de quebrar, amor”, canta.

Naturalmente, por se tratar de um trabalho marcado em essência pela temática sentimental, Coisas Frágeis acaba se repetindo tematicamente. É como se as melhores narrativas, ideias e conceitos estivessem todos concentrados na porção inicial do disco, garantindo ao álbum um fechamento desequilibrado. Ainda assim, notável é o capricho e a entrega sentimental de Viridiana, proposta que segue até os minutos finais da obra.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.