Ano: 2025
Selo: Columbia
Gênero: Art Pop
Para quem gosta de: Björk e FKA Twigs
Ouça: Reliquia, Berghain e La Yugular
Ano: 2025
Selo: Columbia
Gênero: Art Pop
Para quem gosta de: Björk e FKA Twigs
Ouça: Reliquia, Berghain e La Yugular
O pop transcende em Lux (2025, Columbia). Quarto álbum de estúdio da cantora e compositora espanhola Rosalía, o registro abandona a atmosfera urbana de Motomami (2022) para mergulhar em uma inquietante jornada espiritual, romântica e existencial. São canções que tratam sobre divindade, desejo, feminilidade, morte e redenção em um precioso exercício orquestral que funciona como um ato de resistência humana.
“Não há inteligência artificial nenhuma. É um álbum humano”, tem reforçado Rosalía em grande parte das entrevistas dadas ao longo das últimas semanas. E isso se reflete não apenas no acabamento instrumental do registro, que contou com o suporte da Orquestra Sinfônica de Londres, mas na maneira como a cantora compartilhou seus poemas com artistas do mundo todo, trabalhando em letras que incorporam diferentes idiomas e colaboradores, como Angélica Negrón, Charlotte Gainsbourg e Guy-Manuel de Homem-Christo.
Entretanto, para além do aspecto técnico, que ainda envolve nomes como Pharrell Williams, Caroline Shaw, El Guincho e Noah Goldstein, prevalece em Lux a força dos sentimentos e entrega de Rosalía. Inspirada pelo término de relacionamento com Rauw Alejandro, a artista espanhola transforma os quatro atos do disco em um processo de cura sob a lente espiritual que ainda evoca figuras religiosas, como Hildegard Von Bingen e Teresa de Ávila, além da vulnerabilidade poética de compositoras como Fiona Apple, FKA Twigs e Björk.
Vem justamente do encontro com a cantora islandesa o estímulo para uma das principais composições do disco, Berghain. Escolhida para apresentar o trabalho, a faixa, que ainda se completa pelas vozes de Yves Tumor, escancara a força dos sentimentos que consomem a obra. “Sou apenas um torrão de açúcar / Sei que o calor me derrete / Desaparecendo, eu sei / Quando você chega, é quando eu parto”, canta a artista.
E isso é apenas uma fração da forte carga emocional que consome o disco. De músicas assumidas de forma solitária, como as devastadoras Reliquia, La Yugular e Mio Cristo Piange Diamanti, que levou quase um ano até ser finalizada, passando por colaborações como La Perla, com o trio Yahritza y su Esencia, e Parcelana, com a breve participação do rapper Dougie F, sobram momentos em que a artista se entrega por completo.
Nesse sentido, Lux é tanto uma desconstrução do universo explorado em Motomami como uma reconexão com os temas líricos de Los Ángeles (2017) e El Mal Querer (2018). É como um rico jogo de exageros, versos dramáticos e manifestações maximalistas que, naturalmente, esbarram em faixas menos impactantes, como Mundo Nuevo e Memória, mas que utilizam dessa intensa movimentação para traduzir o que se esconde no fundo do peito de Rosalía. Uma obra que transforma a dor em luz e o pop em uma experiência divina.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.