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Crítica

A. G. Cook

: "Britpop"

Ano: 2024

Selo: New Alias

Gênero: Eletrônica, Pop

Para quem gosta de: Charli XCX e Danny L Harle

Ouça: Silver Thread Golden Needle e Out of Time

7.6
7.6

A. G. Cook: “Britpop”

Ano: 2024

Selo: New Alias

Gênero: Eletrônica, Pop

Para quem gosta de: Charli XCX e Danny L Harle

Ouça: Silver Thread Golden Needle e Out of Time

/ Por: Cleber Facchi 02/07/2024

O fim das atividades da PC Music em nada parece ter prejudicado criativamente o trabalho de A. G. Cook. Menos de um ano após o encerramento da gravadora que fundou no início da década passada e revelou nomes como Hannah Diamond, GFOTY e easyFUN, além de estreitar laços com Charli XCX e SOPHIE, o produtor londrino retorna com mais um novo álbum em carreira solo, Britpop (2024, New Alias). Assim como no introdutório 7G (2020), com 49 músicas e mais de duas horas de duração, Cook se aventura em um repertório extenso e que se divide em três registros, indicando o passado, presente e futuro do artista.

Concebido durante a pandemia de Covid-19, quando morava em Montana, nos Estados Unidos, com sua namorada, a cantora Alaska Reid, e inspirado pela forma como a música pop inglesa se projetou ao longo das últimas décadas na cultura estadunidense, Britpop estabelece no primeiro bloco de composições a passagem para o lado mais experimental do artista. São canções como Silver Thread Golden Needle, com seus ecos de Aphex Twin, e a própria faixa-título, abastecida pelas vozes de Charli XCX, que evidenciam a capacidade do produtor em tensionar os limites da própria criação sem nunca deixar de parecer acessível.

Pena que essa mesma riqueza de ideias, também explícita em composições como Heartache e Crescent Sun, parece longe de ser replicada quando avançamos para a segunda metade de Britpop. Com guitarras agora em primeiro plano, Cook deixa sintetizadores e batidas eletrônicas de lado, emulando um digicore que talvez funcionasse nas mãos de artistas como Jane Remover, mas que torna a experiência do ouvinte arrastada. Nem a derradeira Without, com trechos da música Bipp, de SOPHIE, parece salvar o material.

Nada que a porção final do registro não dê conta de solucionar. Embora inaugurado por Soulbreaker, faixa que partilha do mesmo ritmo lento do bloco anterior, Cook mais uma vez dá destaque aos sintetizadores e batidas eletrônicas, porém, partindo de um enquadramento diferente. São estruturas pouco usuais, como um preparativo para os futuros trabalhos do artista. Exemplo disso fica bem representado em Out of Time, composição que utiliza da intensa sobreposição dos elementos, garantindo ao disco um fechamento épico.

Mais do que isso, sobrevive nesse terceiro bloco a passagem para algumas das principais colaborações de Cook. Em Lucifer, por exemplo, são vozes de Charli XCX e Addison Rae, resultando em uma típica balada do produtor, sempre marcadas pelo uso destacado do auto-tune e harmonias sintéticas. Quem também empresta os vocais, porém, de forma totalmente reconfigurada, é a cantora Caroline Polachek, parceira na curiosa Equine, além, claro, da própria namorada, Alaska Reid, no delicado pop atmosférico de Pink Mask.

Conceitualmente amplo e feito para ser absorvido aos poucos, Britpop, assim como o material entregue em 7G, peca pelos excessos. Ao invés de seguir a mesma abordagem equilibrada do antecessor Apple (2020), o produtor mais uma vez investe na montagem de um repertório que se estende para além do necessário, apagando ou mesmo dificultando o contato do ouvinte com algumas das melhores canções que abastecem o trabalho. Para o bem ou para o mal, é como a passagem para um universo totalmente particular de Cook.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.