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Crítica

Aeon Station

: "Observatory"

Ano: 2021

Selo: Sub Pop

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: The Wrens e Cymbals Eat Guitars

Ouça: Leaves, Fade e Queens

7.8
7.8

Aeon Station: “Observatory”

Ano: 2021

Selo: Sub Pop

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: The Wrens e Cymbals Eat Guitars

Ouça: Leaves, Fade e Queens

/ Por: Cleber Facchi 30/12/2021

Durante quase duas décadas, Kevin Whelan atuou como baixista e um dos principais articuladores do The Wrens, importante grupo de Nova Jersey que deu vida a uma sequência de grandes obras como Silver (1994),Secaucus (1996)e o cultuadoThe Meadowlands (2003). Com o fim das atividades da banda, o músico decidiu investir no primeiro álbum em carreira solo, adotando a identidade de Aeon Station como forma de apresentar as canções de Observatory (2021, Sub Pop), registro em que preserva a essência do antiga projeto, porém, se permite provar de novas possibilidades e diferentes direções criativas em estúdio.

E isso fica bastante evidente em Queens. Escolhida para anunciar a chegada do disco, a canção preserva o mesmo direcionamento melódico explícito em The Meadowlands, porém, sustenta na força das guitarras e uso destacado da bateria um importante componente de transformação. É como uma interpretação ainda mais urgente, mas não menos detalhistas de tudo aquilo que Whelan havia testado com o antigo grupo, esmero que se reflete no tratamento minucioso dado aos vocais e incontáveis camadas instrumentais que orientam a construção da faixa até os minutos finais, como uma delicada soma de pequenos acertos.

Mesmo quando desacelera, como em Everything at Once, evidente é o cuidado de Whelan durante toda a execução do material. É como se o músico estadunidense, para além de revistar o próprio passado, incorporasse uma série de novos elementos e temas instrumentais que confessam referências bastante explícitas. São ecos de veteranos como Teenage Fanclub, Big Star e outros artistas que encontraram no maior refinamento melódico um estímulo para a própria obra. Canções sempre consumidas pela melancolia dos versos, porém, deliciosamente acolhedoras, como se pensadas para confortar o ouvinte.

Eu carrego as correntes que você deixou para trás / Não consigo encontrar a chave que me permite deixar você ir / Eu me pergunto por quanto tempo eu preciso ficar sozinho“, questiona em Leaves, composição em que utiliza de uma abordagem sorumbática, mas que parece amenizada por conta do precioso processo de construção dos arranjos. São pianos e ambientações sempre detalhistas, estrutura que ganha ainda mais destaque na música seguinte, Fade. Do uso dos instrumentos ao encaixe das vozes, cada elemento parece trabalhado em uma medida própria de tempo, potencializando a força da canção.

Embora detalhista e guiado em essência pelos sentimentos, Observatory é uma obra que depende em excesso do forte aspecto nostálgico. Do momento em que tem início, no minimalismo de Hold On, até alcançar a derradeira Alpine Drive, cada mínimo fragmento do trabalho encontra em registros lançados há mais de duas décadas um importante componente de inspiração. De fato, não são poucos os momentos em que Whelan esbarra no mesmo território criativo de artistas como Built to Spill, Broken Social Scene e tantos outros nomes que se destacaram na mesma época em que o Wrens parecia viver sua melhor fase.

Se por um lado Observatory pouco avança quando próximo de outros registros em que Whelan esteve envolvido, por outro, sustenta no evidente refinamento dado aos arranjos, melodias e versos uma clara posição de destaque quando próximo de outras obras recentes que marcam o retorno de contemporâneos como Grandaddy e Modest Mouse São canções que costuram passado e presente de forma sempre sensível e detalhista. Instantes em que o músico traz de volta a essência dos antigos trabalhos como integrante do Wrens, porém, imprimindo traços sutis da própria identidade autoral, experiências pessoais e sentimentos.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.